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Revelado primeiro telefonema do maquinista de Santiago

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Francisco Garzón chama «desumana» à curva em que embateu o comboio e que provocou 79 mortos na Galiza

Foi divulgada a primeira comunicação telefónica imediatamente após o acidente com o TGV, no mês de julho, em Santiago de Compostela, Espanha, que provocou 79 mortos. O maquinista do comboio que descarrilou na Galiza ficou preso nos destroços e foi aí que ligou para os serviços de emergência. Francisco José Garzón chamou «desumana» à curva onde tinha acabado de descarrilar e, ao mesmo tempo, reconheceu que ia distraído e demasiado depressa.

«Esta curva é desumana. Já tinha dito à companhia que esta curva é perigosa. Que um dia nos íamos despistar e que nos ia tramar. Calhou-me a mim», foram estas as primeiras palavras de Francisco Garzón.

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Durante a conversa, divulgada esta quinta-feira pelo diário espanhol «El País», é notória a aflição com que o maquinista fala para os serviços de emergência.

«Deve haver feridos, muitos, porque [o comboio] está tombado, não posso sair da cabine», afirmou.

Francisco Garzón ainda estava preso na cabine e já admitia a distração fatídica: «Distraí-me, tinha que seguir a 80 e ia a 190, algo assim».

A distração do maquinista foi motivada por um telefonema, como Francisco Garzón admitiu mais tarde. O maquinista falava ao telemóvel com o revisor que seguia no mesmo comboio.

A chamada, apesar de breve, foi feita em cima da curva fatídica: «Ai, meu Deus, mas já tinha dito isto à segurança, que isso [a curva] era muito perigoso. Somos humanos e isto podia acontecer-nos. Isso é desumano, esta curva».

Enquanto do outro lado da linha, o tentam acalmar, Francisco Garzón só pensa nos passageiros.

«Acalma-te, relaxa», diz o operador. «Não. É a minha consciência! E os pobres passageiros. Meu Deus, meu Deus, pobres passageiros. Oxalá não haja nenhum morto. Oxalá, senão a minha consciência... Meu Deus. Meu Deus, pobres passageiros. Pobres passageiros», lamenta o maquinista.

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Nessa altura, Francisco Garzón ainda não sabia da dimensão do desastre de 24 de julho, à chegada a Santiago de Compostela. Este homem de 52 anos, dez dos quais passados aos comandos dos comboios, responde agora em tribunal pela morte de 79 pessoas. E foi preciso um tal descarrilamento por velocidade excessiva e erro humano para Espanha rever os processos de segurança na rede ferroviária.

Ouça na íntegra a chamada do maquinista:

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