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Portugueses são os mais irritados da Europa

Brandos costumes? Virtuosos e pacientes? Estudo prova que tradição já não é o que era. «Salta-nos a tampa» com facilidade e nessas contas «iradas» vencemos em toda a linha. Nuestros hermanos levam o bronze

Somos por tradição considerados um país de brandos costumes. Há muito que o aumento de crimes passionais nos fazia pensar de outra forma. Agora é certo: estudo prova que não usamos da «paciência de chinês» e que o mito apenas se perpetua pela repetição de uma frase feita.

A euro-sondagem «O que mais irrita os europeus?», realizada pela Selecções do Reader¿s Digest em 17 países da Europa, deita por terra a ideia dos «nervos de aço».

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A sondagem afiança que o povo português é o mais irritado da Europa (14,8 em 20), seguido de perto pelo britânico (13,7). A terceira posição é ocupada, em ex-aequo, pela República Checa e pela Espanha, ambos com 12,9.

Jorge de Sá, professor de sociologia, em Lisboa, justifica esta «classificação» com o facto de sermos intolerantes com os outros, mas permissivos com as nossas próprias falhas. Pedro Rivera, também sociólogo, considera compreensível que os portugueses sejam o povo mais irritado da Europa. «Estes resultados são consequência de uma deficiente consciência cívica. Vemos muitas pessoas que se irritam por estarem à espera, mas que nunca são pontuais; ou indivíduos que sofrem com o barulho provocado pelos vizinhos, mas que produzem níveis idênticos de ruído, apenas para pagarem na mesma moeda».

Na cauda do ranking dos mais países mais irritados, encontramos a Rússia (somente com 10,4). Na opinião de Julian Cooper, professor da Universidade de Birmingham, «a maioria dos russos leva uma vida marcada por problemas graves (emprego, futuro do país, sistema de saúde, educação). Nestas circunstâncias, as pessoas não se preocupam com o barulho dos vizinhos nem com o lixo ou as beatas no chão».

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O que mais irrita os europeus?

As pequenas coisas. São os pormenores e as atitudes comezinhas que mais irrtam os europeus. Deitar papéis, latas ou beatas para o chão irrita 86 por cento dos inquiridos.

A segunda situação que mais ofende os povos europeus (82 por cento) são os dejectos de cão espalhados pelas ruas e jardins das cidades.

Passar à frente na fila do supermercado ou na bilheteira de uma sala de espectáculos é a terceira razão que leva os europeus a «perder a cabeça» (81 por cento).

Cuspir em público enfurece 76 por cento do universo questionado. Este item permite ilustrar as diferenças que se registam de país para país, uma vez que o que é razão de grande irritação num, pode ser quase mínima noutro. Apenas 50 por cento dos noruegueses referem irritar-se com pessoas que cospem em público, enquanto 95 por cento dos húngaros e 85 por cento dos espanhóis abominam o hábito. Em alguns países nórdicos é proibido cuspir para o chão. Um hábito que rareia pela repressão a que está associado.

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A falta de higiene pessoal irrita 74 por cento dos europeus. Só na Polónia, os odores corporais incomodam 90 por cento da população, e na República Checa, 86 por cento.

Para 73 por cento dos inquiridos, aquilo que mais os irrita é o facto de muitos automobilistas conduzirem demasiado próximo do condutor que vai à sua frente. Aliás, a condução é um momento em que os níveis de irritabilidade disparam. Em Portugal, os hábitos de condução deixam mais de setenta por cento dos portugueses «fora de si». Mas o comportamento dos funcionários públicos e o ruído também deixam «a cabeça em água» a muito dos inquiridos. O funcionarismo público - e a irritação que os serviços públicos provocam nos portugueses - é caso único neste estudo, e não mencionado em outro qualquer país da Europa.

Portugal, país de brandos costumes? Antes pelo contrário.

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