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Drogas leves: consumo «racional» como filosofia

Utilização «inteligente» serve de mote para quem defende liberalização de canábis

«O consumo racional e inteligente de substâncias psicotrópicas leves constitui um controlo do risco» frisou esta sexta-feira Luís Fernandes, professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação do Porto, ao referir-se à utilização doseada de drogas ilegais como a canábis.

Em Portugal existem no mínimo 50 mil dependentes de opiáceos, sendo a canábis uma das drogas leves mais consumida. Sobre a utilização desta droga proibida em território nacional, o professor justificou que «a canábis não é dos ricos nem dos pobres, é a droga ilegal mais democratizada que chega a mais gente, o Estado não tem por isso direito de intervir no consumo deste produto», acrescentou.

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Sociedade «tem medo de legalização»

No âmbito de uma tertúlia realizada esta tarde na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, em Lisboa, na qual se discutia o papel das drogas duras e leves, lícitas e ilícitas na sociedade actual, o também investigador do Centro de Ciências de Comportamento Desviante do Porto, assegura que no caso da canábis, a sociedade «tem medo de legalizações».

Segundo o professor esta determina, à partida, que os jovens vão «ficar logo dependentes da droga», referiu, ao lembrar que a heroína é o estupefaciente com maior potencial aditivo.

De acordo com o investigador, o facto de a canábis e outras drogas leves serem probidas no nosso país torna-as uma «armadilha perigosa». Por serem ilegais «desconhece-se a margem de segurança com a qual se está a lidar», justifica, ao mencionar que a maior parte das overdoses relacionadas com o consumo de opiáceos se deve à inalação de produtos que são adicionados às doses de droga, o que levanta o problema de como se processa a venda de estupefacientes nas ruas.

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«Comecei por curiosidade»

Diogo Ramos tem 19 anos e começou a consumir haxixe aos 13 «por curiosidade», contou ao PortugalDiário. Fumou «quatro ou cinco vezes» mas devido a problemas de saúde deixou o estupefaciente.

Das «ganzas» ao consumo de canábis foi apenas um pequeno passo, há cerca de ano e meio que começou a consumir a droga que é «tabu» em Portugal.

Mais importante que a legalização, o jovem considera «necessário» desmistificar a ideia de que o consumidor de canábis é «perigoso para a sociedade», ao lembrar que «perigoso» é o consumidor de álcool.

«Por que crime pagamos?»

Segundo o estudante a legalização da canábis tem de começar pelo auto-cultivo, tudo porque no nosso país «o auto-cultivador é traficante perante a lei». O jovem defende, assim, a legalização do auto-cultivo de forma a combater o tráfico.

Para Diogo, o tráfico de drogas leves «deve ser penalizado», acrescentando por outro lado a criação de uma lei que «defenda o consumidor».

Para o jovem que não tem medo de dar a cara na Marcha Global da Marijuana, a realizar em Lisboa a 5 de Maio, desta iniciativa deseja um «abanão» de consciências. «Só espero que se possa reflectir um pouco sobre a lei que temos, qual é afinal o crime que nos estão a fazer pagar», conclui.

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