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Marcelo relativiza declarações de Schäuble: faz parte da "pressão política"

O chefe de Estado, que falava à saída de uma iniciativa no Palácio da Ajuda, em Lisboa, defendeu que as declarações Wolfgang Schauble, se inserem numa prática habitual e devem ser relativizadas

O Presidente da República relativizou esta quarta-feira as declarações do ministro das Finanças alemão, depois corrigidas, sobre um eventual segundo resgate a Portugal, considerando que fazem parte da "pressão política" que costuma anteceder decisões europeias.

"Quando estamos a oito dias de uma decisão europeia - sobre qualquer país, não é sobre Portugal - começa a haver notícias nalguns jornais, declarações aqui e acolá, especulações aqui e acolá: vai acontecer, não vai acontecer", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.

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"Isto em política chama-se pressão política ou especulação política", acrescentou.

O chefe de Estado, que falava à saída de uma iniciativa no Palácio da Ajuda, em Lisboa, defendeu que as declarações Wolfgang Schauble, se inserem numa prática habitual e devem ser relativizadas: "Já não é a primeira vez, se virem bem. Isto é um filme que nós já vimos. Já é para aí a terceira, quarta ou quinta vez que assistimos a isso. Portanto, deve ser encarado relativizando".

O Ministério das Finanças fez questão de emitir um comunicado a garantir que não há qualquer novo resgate financeiro em vista para Portugal, depois da chama lançada pelo ministro alemão com a mesma pasta, Wolfgang Schauble.

"Tendo em conta as declarações do ministro alemão das finanças, Wolfgang Schäuble, e ainda que tendo sido imediatamente corrigidas pelo próprio, o Ministério das Finanças esclarece que não está em consideração qualquer novo plano de ajuda financeira a Portugal, ao contrário do que o governante alemão inicialmente terá dito", lê-se no comunicado divulgado hoje à tarde.

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O gabinete liderado por Mário Centeno refere ainda que o Governo "continua e continuará focado no cumprimento das metas estabelecidas para retirar Portugal do Procedimento por Défices Excessivos" e refere que um sinal disso mesmo são "os dados da execução orçamental conhecidos até ao momento".

O ministro alemão afirmou que o país precisaria de aplicar um novo programa de ajustamento e que Portugal iria voltar a pedir ajuda externa. Minutos depois, voltou um pouco atrás e suavizou o discurso, dizendo que não haverá essa necessidade, desde que as regras europeias sejam cumpridas.

É inevitável que as previsões feitas "noutra Europa" sejam revistas 

Marcelo Rebelo de Sousa considerou, também esta quarta-feira, inevitável haver uma revisão das previsões económicas que foram feitas "noutra Europa", antes do referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia.

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À saída de uma iniciativa no Palácio da Ajuda, em Lisboa, questionado sobre uma eventual revisão das metas macroeconómicas do Governo em outubro, o chefe de Estado recordou que já tinha falado num ajustamento de previsões, mesmo antes do referendo britânico.

"O que há de novidade é a votação no Reino Unido", disse. "Isto abre uma nova situação económica. E, portanto, as previsões que foram feitas noutra Europa, noutro mundo, noutra situação, naturalmente, irão sendo revistas. É inevitável que sejam revistas", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "esta incógnita" sobre as consequências do referendo no Reino Unido se vem somar à conjuntura de crise nalguns países para os quais Portugal exporta, motivo pelo qual já tinha colocado o cenário de uma revisão de previsões económicas.

Contudo, desdramatizou novamente esse cenário, referindo que "países muito mais florescentes em termos económicos" estão a rever as suas previsões: "Não há drama. É assim. A vida económica é assim. Quando há, ainda por cima, uma votação como a do referendo britânico, é assim".

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O chefe de Estado desdramatizou a revisão de metas, considerando que é preciso "não ter o complexo de assumir que os objetivos são móveis".

"Pois se o mundo muda, se a Europa muda e se Portugal muda, como é que é possível dizermos que aquilo que tínhamos previsto há seis meses, que obviamente não corresponde à realidade, não pode e deve ser assumido como tendo mudado? Qualquer gestor sabe isso. Não pode continuar agarrado a previsões de há seis meses quando a realidade mudou, e vai mudar", argumentou.

Num discurso de cerca de 20 minutos, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que é preciso "flexibilidade mental para perceber que a realidade mudou e que há que redefinir objetivos".

"Vai nisso alguma ofensa ao amor próprio, à autoestima? Pelo contrário. Vai nisso muita lucidez e muita sensatez", defendeu.

Por outro lado, comparou a política atual com a das décadas anteriores, considerando que "o ritmo da mudança" é agora muito maior, o que torna mais difícil "resistir à tentação de ir a correr atrás da mudança perdendo o distanciamento para ponderar e para decidir".

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"E infelizmente, em muitos aspetos da vida portuguesa, no quadro crítico que vivemos, nós temos um volume de preocupações conjunturais excessivo que nos tira tempo para questões estruturais, e para convergirmos nas questões estruturais", lamentou.

Para o Presidente da República, Portugal passa o tempo a discutir "a lei que vai ser votada no dia seguinte ou que vai ser promulgada daí a uma semana, a decisão da Comissão Europeia que vai ser tomada na próxima semana, a reação perante um determinado problema que se coloca no quadro do sistema financeiro".

Neste contexto, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que é preciso "ganhar distância, olhar para o médio e para o longo prazo", em vez de "estar cada dia a discutir o que se vai passar no dia seguinte, na semana seguinte ou no mês seguinte".

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