Já fez LIKE no TVI Notícias?

Difícil provar crime de violência doméstica

Apenas 53 por cento dos casos em 2004 acabaram em condenações

Apenas 53 por cento dos casos de violência doméstica em 2004 acabaram em condenações, avança esta segunda-feira o Jornal de Notícias.

Segundo os dados provisórios do Gabinete de Política Legislativa e Planeamento do Ministério da Justiça, divulgados recentemente, a percentagem de casos em que é feita prova concludente não tem sofrido variações de ano para ano.

PUB

«A vítima sente-se contristada com esses números. Significa que em Portugal não se está a fazer o trabalho necessário. Alguma coisa falha, do sector político ao tribunal. Falha a sociedade», argumenta o psicólogo criminal Carlos Poiares ao Jornal de Notícias.

O professor das universidades Nova e Lusófona salienta a dificuldade em reunir provas daquele tipo de crimes, cometidos «em família, por vezes sem testemunhas».

«Por vezes, a prova evapora-se entre a denúncia e o julgamento. As testemunhas, se existirem, arrependem-se e preferem não meter a colher entre marido e mulher», acrescenta.

Autonomizar este tipo de crime

A Unidade de Missão para a Reforma Penal autonomizou, nas alterações ao Código Penal, o crime de «violência doméstica», incluindo não só casos de marido e mulher mas também os maus-tratos de pais para filhos ou avós.

Rui Pereira, coordenador da unidade de reforma, diz ao Jornal de Notícias que o número de condenações «não causam espanto». Resultam das vicissitudes do sistema judicial, uma vez que as condenações prevêem certeza e «afastamento de qualquer dúvida razoável».

«Nos casos de violência doméstica, estamos a falar de crimes em que, apesar de públicos, pode haver suspensão provisória no interesse da própria vítima. E também de crimes sobre os quais há dificuldade de obtenção de prova. Tudo acontece dentro de quatro paredes e a prova indirecta muitas vezes indica que a vítima foi agredida mas não aponta o agressor», explica Rui Pereira ao Jornal de Notícias.

PUB

Últimas