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O Ryan Reynolds que quis ser mais doido do que os amigos e promete trazer Paris a Vila Verde

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Courtney Reum foi o protagonista da transferência mais insólita do último mercado e chegou no último fim de semana a Portugal. O Maisfutebol acompanhou a par e passo uma manhã de treinos e conversou com o empresário de 45 anos, que quer jogar, mas também investir no clube

O último dia do mercado de transferências costuma ser intenso. Os jornalistas desdobram-se em trabalhos para cruzar fontes e confirmar negócios, os clubes correm contra o tempo para fechar reforços e os adeptos percorrem os jornais e páginas dos clubes para conhecerem as novas caras das equipas.

Pelo meio, há negócios que ficaram a uma «unha negra» de serem fechados, outros conseguidos na hora-limite e ainda histórias insólitas. Em janeiro, o futebol português recebeu, talvez, o reforço mais improvável da sua história recente.

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Courtney Reum reforçou o Länk Vilaverdense, mas a verdade é que pouco se sabia do norte-americano que aparecia como jogador dos minhotos no site da Liga.

Uma breve pesquisa no Google permitia perceber que Courtney era um empresário aparentemente bem-sucedido, com cerca de 300 mil seguidores na rede social Instagram e cunhado da celebridade norte-americana Paris Hilton, que é casada com Carter Reum.

Mas, e onde entra o futebol na vida deste norte-americano? Os únicos registos disponíveis apontavam para uma experiência no futebol universitário no final da década de 90. A experiência a nível profissional era... inexistente.

Aos poucos, Courtney foi desvendando o véu, mostrou-se a treinar e até anunciou que se juntava à equipa em maio. Mas em que papel? Iria mesmo juntar-se ao plantel e, aos 45 anos, jogar na II Liga ou apenas socorrer o clube que desde o início da época vive numa débil situação financeira?

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O empresário norte-americano chegou no último fim de semana a Portugal, ainda a tempo de ajudar a salvar a equipa da despromoção. O Maisfutebol acompanhou, durante uma manhã, os bastidores da preparação de Courtney, à procura de perceber como é que um avançado de 45 anos, que nunca jogou profissionalmente, pode encaixar numa equipa que está com a «corda na garganta».

«Estou aqui por muitos motivos, mas é como concretizar um sonho. Há 20 e tal anos, queria fazê-lo, mas não consegui, devido a lesões e a algumas capacidades técnicas. Quando me formei, tive uma boa oportunidade de emprego… pessoalmente, é um sonho divertido. Gosto de me desafiar e ver quais são os meus limites», começa por explicar ao nosso jornal e à TVI/CNN Portugal.

Courtney, contudo, admite que tem como objetivo ajudar o clube a nível monetário. «Quero ajudar a equipa. Espero poder contribuir de alguma forma no campo, se tiver essa oportunidade, mas também fora do campo. Adoro Portugal, já cá estive muitas vezes, adoro as pessoas. Mas o que quero mesmo é ser parte do futuro do Länk Vilaverdense, construir algo que dure por um bom tempo, seja na segunda ou terceira divisão. É uma visão a longo prazo e esperamos chegar à primeira divisão.»

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Courtney tira uma fotografia com uma pequena adepta

O norte-americano promete «ficar até ao final da temporada» em Vila Verde e confessa que quer «ser parte do futuro» da equipa, ainda que seja difícil entender o que leva um investidor a arriscar entrar no relvado.

«Acho que as pessoas não percebem que existem semelhanças entre os negócios e a parte física. A maioria dos meus amigos são empreendedores de sucesso e são muito fortes aqui [aponta para a cabeça] e numa sala de negócios, mas nunca tentariam correr num relvado com rapazes de 20 anos de Portugal.»

«A minha família conhece-me muito bem e só pensou: "Pronto, aqui está o Courtney com mais uma ideia estranha". Os meus amigos têm dado muito apoio. Tenho amigos que escalaram o Evereste, o Mike Posner, que escreveu o "I took a pill in Ibiza" é meu amigo e cruzou a América de uma costa à outra a pé. Eu não queria fazer a mesma coisa, mas pensei: "O que é que poderá ser igualmente doido, qual é o desafio?". Mas queria que envolvesse a parte física e também fosse um desafio financeiro, como é.»

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Courtney revela-nos ainda que conheceu o Länk Vilaverdense através de um amigo «com ligações a vários clubes» e que viu a oportunidade com bons olhos devido aos «regulamentos» em Portugal, assim como «a forma como é feito o investimento».

Apesar da boa disposição, aparenta estar preparado para ouvir que digam que paga para poder jogar. «Percebo se as pessoas disserem isso. Entendo que nem todas as pessoas têm esta oportunidade e sou um sortudo por isso. Trabalhei duro para ter esta oportunidade. É por isso que também é importante para mim não ter esta oportunidade apenas no campo, mas também fazer um investimento na equipa fora do campo. Investimento significa o meu tempo, os meus conselhos e dicas. Fundei mais de 10 empresas, investi em mais de uma centena, por isso acredito que tenho algo para oferecer. Claro que, depois, existe a componente do dinheiro e tudo isso.»

Habituado a viajar por todo o mundo, o norte-americano escolheu uma vila no Minho para promover mais um investimento. O objetivo, além do ponto de vista financeiro, é unir a região ao clube e acabar com o distanciamento provocado com os jogos na condição de visitado em Coimbra.

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«Nem todos os adeptos percebem o que estou a fazer ou sequer gostam de mim. Não precisam de gostar de mim, mas se conseguir unir toda a gente… o futebol é sobre conexões e cultura. Espero criar isso de alguma forma.»

Após o treino, Courtney Reum observou os trabalhos da equipa feminina

Além de unir a comunidade de Vila Verde, Courtney também já pensa em... rivalidades. O empresário confessa ter um olhar atento ao que Ryan Reynolds tem feito no Wrexham, mas garante que este investimento está noutro patamar.

«Queria concretizar esta ideia maluca. Algumas pessoas dirão que é como o "Welcome to Wrexham" do Ryan Reynolds, mas neste caso eu jogo», sublinha, tendo até na mente uma chamada para o ator de «Deadpool», de forma a combinar um jogo entre as duas equipas.

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A estadia em Vila Verde ainda não completou uma semana, mas Courtney já arranjou casa a poucos quilómetros do estádio e procurou conhecer as redondezas, tendo sido «muito bem recebido», numa região que considera ter potencial para ser desenvolvida. O calcanhar de Aquiles pode mesmo ser a gastronomia, mas o novo residente da vila garante que só vai comer «um bom bife» no final dos jogos – para já, fica-se pelo pão com panado no final do treino.

Ser mais um e não "o tal"

Se a liderança se vê pelo exemplo, Courtney tem dado o mote. O norte-americano não se coibiu de carregar as balizas com os restantes colegas de equipa, numa intenção de mostrar que é mais um e não apenas o tal.

Depois de um breve aquecimento, vieram os primeiros toques com bola. Mas um pormenor chamou à atenção. A observar atentamente os movimentos de Courtney estava um preparador físico, que não pertence à equipa técnica do Länk Vilaverdense.

Phil Walsh, antigo jogador inglês, acompanhou de perto a sessão de treino da equipa, com olhos postos no avançado norte-americano, com quem tem trabalhado de forma personalizada desde fevereiro.

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«A condição física dele é extraordinária para alguém que tem 45 anos.  Ele cuida muito de si, tem todos os cuidados e tecnologia à sua disposição, para cuidar desde a pele aos músculos ou flexibilidade. Até fez ioga, tudo o que podem imaginar», revela.

«No futebol, tens de cuidar do teu corpo, mas também tens de criar uma relação com a bola. E é aí que eu entro. Diria que está pronto para jogar no domingo. Ainda precisa de algum tempo para ficar familiarizado com a equipa, aprender os nomes e pequenas coisas como certos termos do futebol em português, além da velocidade do jogo. Mas ele vai adaptar-se a isso em breve», confidencia.

O preparador físico de Courtney grava os treinos para depois analisar o rendimento do avançado

Terminados os exercícios em pequenos grupos, a equipa dirige-se para o centro do relvado, onde irá recriar situações de jogo. Nas bancadas, começa a ser montado um tripé gigante para filmar o treino, mas não é o analista da equipa quem está a comandar as operações.

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Phil, entretanto, já deixou a zona do relvado onde Courtney fazia o «meinho» com a equipa e prepara-se para gravar imagens do treino. Durante a tarde, como o próprio confessa, vai sentar-se a beber um bom chá enquanto explica ao avançado aquilo que pode melhorar, bem como o que o treinador Sérgio Machado lhe pede.

«Apesar de acreditar que ele está praticamente pronto para jogar, ainda tem de limar certos pormenores. Também tem feito algumas boas coisas no relvado e é importante que ele veja quão bom pode ser.»

Courtney Reum durante um treino (Fotografia: Länk Vilaverdense)

Courtney alinhou como avançado-centro e, embora tenha faltado alguma intensidade na pressão, revelou boa relação com a bola, sobretudo com o pé esquerdo. Após o treino, numa altura em que todos os colegas recolheram ao balneário, Courtney continuou em campo e Phil saltou para o relvado para dar um treino individual, focado em finalizações ao primeiro poste.

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Apesar do acompanhamento personalizado, o novo reforço do Länk Vilaverdense tem procurado estabelecer uma ligação com os colegas de equipa, com quem fala por diversas vezes durante os exercícios.

«Quando conheci a equipa fiz uma piada: "Costumava ser muito rápido e canhoto, agora sou só canhoto"», conta-nos.

«Estaria a mentir se dissesse que não senti dificuldades. Todos pensam e movimentam-se muito mais rápido. Estou a habituar-me a isso. Mesmo se fosse nos EUA, iria ser difícil, mas a maioria das pessoas falam português. É um processo de adaptação, tento não ser fator de distração, aprender as posições e como os meus colegas se movimentam. Ao fim de duas sessões de treino, sinto-me muito bem, mas é um desafio. Mas já sabia que assim seria e esta é a parte divertida. Estou a aproveitar o caminho sem estar focado na meta.»

We'll Always Have Paris

Se existe curiosidade para ver Courtney no relvado, também a possível presença de Paris Hilton entusiasma os adeptos. A «socialite» ainda não deverá estar presente no jogo com o Torreense, no próximo domingo, mas deverá visitar o cunhado em breve – para já, outras figuras ilustres vão assistir ao encontro, como o embaixador dos EUA em Portugal.

«Não controlo a agenda do meu irmão e da Paris, mas eles querem vir apoiar-me. A Paris deve vir, mas agora quero pensar no que é melhor para a equipa e não quero que existam distrações. Vamos ter um jogo muito importante, se não ganharmos devemos ser despromovidos à Liga 3, por isso, só quero estar focado no jogo e na equipa. Ela deve vir, mas se virmos que será uma distração, talvez venha só mais tarde. Prometo que, se estiver cá na próxima época, vão ver a Paris.»

Courtney Reum com a cunhada Paris Hilton e o irmão Carter Reum  (Photo by Michael Kovac/Getty Images for Casamigos)

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