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Vanessa: duas versões da história

Avó diz que ela se queimou sozinha. Tia diz que avó a meteu em água quente

Terça-feira, dia 26 de Abril de 2004, marcou a vida da pequena Vanessa. Nesse dia sofreu queimaduras em 30 por cento do corpo, que acabaram por lhe causar a morte. Esta terça-feira, no Tribunal de São João Novo, no Porto, Aurora (a avó) e Sandra (a tia) contaram duas versões diferentes dos acontecimentos.

Aurora disse que estava sozinha em casa com as duas netas: Vanessa e Luana (filha da Sandra). Disse à Vanessa para tirar a roupa, porque lhe ia dar banho, enquanto mudava as fraldas à Luana. Depois, diz que já só viu a menina «ajoelhada na banheira» e adiantou: «a Vanessa abriu as torneiras sem eu me aperceber».

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A avó, que inicialmente disse que a banheira não tinha tampa, apenas um fatinho de bebé a tapar, acabou por afirmar depois que a banheira tinha tampa, mas a água, «nem sequer tapava o fundo», por isso, era a que caía da torneira que a queimava. Disse que a menina não chorou, nem se queixou e lhe disse apenas que a água ardia porque estava quente.

As queimaduras não lhe pareceram graves, «parecia um escaldão da praia». Mesmo assim, disse que foi procurar uma farmácia, mas, por ser noite, não havia nenhuma aberta nas proximidades, por isso, pôs-lhe uma pomada que tinha em casa. Só no dia seguinte foi à farmácia. Nos dias que se seguiram, sentiu «melhoras na menina», que «nunca teve febre», por isso, não a levou ao hospital.

Aurora disse que o filho era toxicodependente e ia pouco a casa, por isso, só soube dos ferimentos da filha na manhã de sábado, dia em que a menina acabou por morrer. Paulo saiu e só voltou quando a mãe o chamou a dizer que a Vanessa tinha morrido. Depois, saiu de casa a chorar, disse Aurora.

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Segundo a avó, Sandra, ao chegar a casa, quando a mãe a chamou, disse a Aurora que não chamasse a polícia, porque iriam acusá-la da morte. Conta que Paulo voltou mais tarde, vestiu a menina e saiu com ela ao colo. «A Sandra foi atrás e eu também fui», conta. «Íamos atrás uns dos outros sem dizer nada. Fomos a pé desde o Bairro do Aleixo até ao Cais de Gaia».

Ao chegar ao local, temeu que o filho tentasse suicidar-se, mas ele apenas disse: «Vou deixá-la aqui. Amanhã ela vai aparecer». Mais à frente no depoimento, Aurora acabou por dizer que tinha sido ela a tomar a iniciativa de deixar o corpo e a proferir esta frase.

A versão de Sandra é diferente. A jovem, de 19 anos, conta que, na altura das queimaduras estava no quarto a amamentar a filha. Aurora estava «a castigar a Vanessa». Ouviu a menina gritar «Oh avó», o que normalmente fazia quando a metiam debaixo de água fria. Sandra só ouvia a mãe dizer: «Senta-te Vanessa». Garante que a menor «não chorava», mas que depois a viu «toda vermelha dos joelhos para baixo e no rabo, com a pele do joelho a levantar».

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Sandra assegura que Vanessa não chorou nesse momento, nem nos dias seguintes. Refere ainda que só no dia seguinte Aurora foi à farmácia procurar tratamento para a menina. As queimaduras, que inicialmente não lhe pareceram graves, assumiram no dia seguinte um tom «roxo». Depois, ia perguntando à mãe se a Vanessa estava melhor e esta respondia-lhe que sim. Garante também que Paulo viu as queimaduras «no dia seguinte, ou dois dias depois».

A tia conta que no dia em que a menor morreu, recebeu várias mensagens da mãe no telemóvel. Ao dirigir-se a casa, viu Paulo, ajoelhado no chão, a chorar enquanto a avó segurava o corpo da menina, já morta. Não aguentou e fugiu para casa do namorado, tendo regressado por volta das nove da noite. Nessa altura, viu a mãe «meio esquisita» a andar de um lado para o outro e o irmão no quarto a drogar-se. Quando sugeriu que se chamasse a ambulância para levar o cadáver, o pai da menina assomou à porta do quarto: «O pai sou eu, não vou comer 25 anos».

Sandra conta que passou a noite em casa do namorado e só foi a casa às 6:15 da manhã tomar banho. A irmã mais nova estava a dormir. Mãe e irmão não estavam em casa e Sandra garantiu que desconhecia o destino que tinham dado ao corpo.

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