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A terra de Mariza já não é só esta

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Fadista apresentou «Terra» em Lisboa. O novo álbum será lançado a 30 de Junho

Mariza descreveu «Terra» como um álbum «orgânico» e em palco ouvimos que a sua nova música nos é oferecida organicamente. Fadista, toda ela transpira voz, deixando adivinhar o que seria se, de repente, toda a sua música seguisse outro caminho. Em «Terra», álbum que esta segunda-feira à noite foi apresentado ao público pela primeira vez, na Culturgest, ouvimos que Mariza arriscou para um cruzamento de sonoridades que fazem a síntese dos sete anos que tem andado a cantar pelo mundo. Sem esquecer a sua terra, esta nova Mariza é também mundo.

Sempre a puxar para o canto sobre a saudade e o destino, ouvimo-la rodeada por guitarras, como seria de esperar, mas também por um piano, um trompete e até por uma bateria que marca o seu espaço neste álbum.

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Novos sons

A sua presença em palco teve início com «Já me deixou», fado de Artur Ribeiro e Max que fala de uma «maldita saudade» que foi embora, poema cantado na primeira pessoa - música premonitória da sua incursão noutras sonoridades mais jazzísticas, beirando o soul, a morna, a bossa nova ou o flamengo.

A cantora seguiu para «Minh alma», composição oferecida por Paulo de Carvalho, e entrou depois no registo alegre de «Rosa Branca», música do primeiro single retirado de «Terra» e com o qual viria a fechar a noite, cantando-o no último dos três encores.

Dueto com Tito Paris

«Recurso» foi o tema que se seguiu, um poema de David-Mourão Ferreira «onde só vale o que os sentidos dão», e cuja interpretação Mariza dedicou à família do escritor. Entra em palco Tito Paris para o dueto «Beijo da Saudade». Convidado da fadista neste álbum, o tema funde-se num feliz encontro de uma morna meio falada, meio cantada - meio portuguesa, meio crioula.

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A cantora caminhou para a apresentação de «Vozes do Mar», poema de Florbela Espanca musicado por um dos jovens de talento que se fez rodear, Diogo Clemente. Seguiu-se «Fronteira», onde o vira de Pedro Homem de Melo e Mário Pacheco começou por reinventar-se ao som do piano (no álbum com arranjos do pianista Chucho Valdés) e terminou com um solo singular, uma luxuosa exibição da bateria.

Guitarra flamenga vs inglesa

Mal refeitos do desfecho da exibição fantástica de «Fronteira», o público aplaudiu a entrada em palco de Javier Limón (também produtor deste álbum) e da sua guitarra flamenga para «Alfama» - um tema típico tocado de uma forma completamente nova. Limón deixou-se ficar em palco, vindo a acompanhar à guitarra as músicas que se seguiram, ou simplesmente escutando. Em «Tasco da Mouraria», assinada por Paulo Abreu Lima e Rui Veloso, ouvimos a voz que recorda o berço de Mariza e que ela dedicou ao pai.

A música do guitarrista dos Sting, Dominic Miller, que a cantora confessou ter conhecido nas suas andanças pelo mundo, fez-se ouvir em «Alma de Vento», uma sonoridade nova para Mariza, onde se aprende que «amar é um fado sem idade». Segundo as notas de produção de «Terra», a participação de Miller repete-se noutros dois temas já cantados: «Minh alma» e Vozes no mar».

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«Se eu mandasse nas palavras» vem a seguir e tem assinatura de Fernando Tordo. E depois ouve-se «As guitarras», de Ivan Lins, um dos compositores brasileiros da bossa nova mais internacionalizados e que Mariza «pega» e nos encanta, deixando antever o sucesso que teria se decidisse fazer uma incursão pela música popular brasileira.

Sôtaque

Concha Buika é a última convidada da noite a entrar em palco e vem acompanhar Mariza com ritmos flamengos no tema «Pequenas verdades». Concha, que a fadista elogiou como tendo uma das suas vozes preferidas, acabou por apresentar, ao som da guitarra de Limón, um dos seus novos trabalhos cheios de alma.

A música «Morada aberta» viria a fechar a apresentação de «Terra», um concerto que em Mariza guardou para encore o seu hit «Gente da minha terra», e que foi precedido por uma desgarrada a três com o popular «Zanguei-me com o meu amor».

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