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Alive11: as histórias de Seasick e Primal Scream

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Foram estas as actuações que mais se destacam neste segundo dia de festival num palco que foi tudo menos secundário. Confere aqui o AO MINUTO

Seasick Steve é uma figura. No final da tarde deste segundo dia do Festival Optimus Alive11, o norte-americano de 70 anos criado no Mississippi foi o protagonista do concerto mais autentico que já se viu no passeio Marítimo de Algés.

Longas barbas brancas, braços tingidos com tatuagens, um boné verde surrado dos tractores John Deere enfiado na cabeça e uma colecção de guitarras únicas e da sua autoria que só ele saberá como tocar. A voz a fazer lembrar os westerns que passavam na televisão aos domingos à tarde, o sotaque afinado pela garrafa de vinho que trouxe pela mão quando entrou em palco. Os pormenores são tudo em Seasick Steve, apesar dele, claramente, não ligar a nada disso.

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A entrada do músico em palco com a garrafa de tinto na mão criou logo empatia com o público. O look de longos cabelos e barbas do companheiro que se sentou na bateria a seu lado - e que mais tarde viria a ser apresentado como o Animal dos Marretas, o Richards - completavam a cena. Mas o quadro que nos teletransportava para toda aquela América árida afinal tinha alma nacional. Steave, que prometeu regressar a Portugal para mais actuações, contou ao público que descobriu há uns quinze anos que tinha um avô de São Miguel, nos Açores. Estava explicada esta ligação mágica e contagiante.

Seasick Steve é um conversador nato e sua voz de bluesman atraca aos ouvidos. Vai apresentando os instrumentos à medida que um dos rapazes da banda anterior, os Everything Everything, as traz - está em serviço como um roodie. E surge uma guitarra vermelha velha com «Boogie» escrito, uma outra feita a partir de uma caixa de cigarros no tempo em que estas ainda eram de metal, um pau com uma corda e uma peça metálica de um Chevrolet velho. Todas tocam blues rasgados eivados de rock. Músicas como «Tunderbird», «Dog House», entre tantas outras, fazem pular a plateia, na sua maioria, extasiada com a descoberta.

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O público faz o que ele pede, a multidão que acabou por encher a tenda deste palco secundário está rendida, a seus pés. Ele pede uma rapariga para o palco, senta-a junto a si e canta-lhe uma música. «It's just me and you baby, like the old days». Uma serenata ao vivo cantada de olhos fechados.

As músicas que canta fazem parte da sua vida e contam a história da infância que o levou a sair de casa de trouxa às costas aos 13 anos. Depois do padrasto o ter atirado pela janela num dos seus actos de violência depois de ter vindo da guerra da Coreia, este decidiu matar o «motherfucker» com uma arma que este mantinha escondida. Um dia chegou a apontá-la a ele, mas o irmão mais novo - «No, it wasn¿t Jesus!», afiança - salvou-o do crime ao lembrar-lhe que passaria a vida toda na cadeia. E foi aí que ele partiu de casa sem eira nem beira.

Seasick Steve não teve instrução, mas valeu-lhe saber tocar um instrumento. Aos oito, C.K. Douglas, que trabalhava na oficina do avô, ensinou-o a tocar viola. Veio a ser um dos mestres do blue do Mississippi.

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Primal Scream: os psicadélicos

Chegados a esta actuação e descoberta memorável, destaque para outro grande momento deste palco que hoje foi pouco secundário. Os Primal Scream traziam a promessa de uma actuação na integra de «Screamadelica», álbum que é uma referência na história musical do século passado e que agora comemora vinte anos de existência.

A banda de Bobby Gillespie encheu a plateia e deu um concerto vibrante de uma ponta à outra, confirmando assim que o psicadelismo do arranque dos anos 90 continua a fazer sentido nas suas vozes.

Temas como «Loaded» ou « Came Together» fizeram voar chapéus pelo ar. A revisitação passou por quase todos os temas, como «Shine Like Stars», à qual se seguiu «I`m coming Down» e a contagiante «Higher Than the Sun».

De camisa prateada, Bobby Gillespie comandou a voz para outros registos fora de «Screamadelica». Os escoceses estavam perante uma plateia de seguidores e «Country Girl» e «Rock» eram temas obrigatórios.

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