Já fez LIKE no TVI Notícias?

Antony and the Johnsons: a ternura e a dor que se recebem de peito aberto

Coliseu teve o que esperava e ainda mais

, o terceiro álbum que esta quinta-feira marcou o concerto do regresso a Portugal. As luzes crescem na medida do seu papel acessório; a presença de Antony no seu papel principal.

É uma figura feminina que surge, mas não é ainda Antony a silhueta diáfana que serve o bailado de sofrimento consentido que o Coliseu de Lisboa esgotado quer beber. O véu é calmamente retirado durante uma antecâmara que prepara os peitos abertos a uma voz que fere de forma dupla pelo timbre e pelas palavras.

Antony and the Johnsons mostram-se ainda na sombra das luzes que vão iluminar quase na totalidade

«The Crying Light»

Quem foi ouvi-los à espera de um recital de doçura sofrível não foi em vão. De todo. O tom foi esse desde os primeiros acordes. O tom foi esse na música que se ouviu - e que se queria ouvir -; essa música que se divide entre a ternura com que é cantada e a dor em que vive.

Mas não em que subsiste. Porque é assim o sofrimento de quem como ele ama. E quando a comunhão pela beleza da sua música está consagrada, essa recusa de estado final é partilhada. Ele é o Antony que sofre com o aquecimento global e que descobre «o ambiente como um amante» e «onde» nasceu.

PUB

O autodenominado transgender que do catolicismo renegado só conserva o nome (de baptismo?) sofre porque precisa de outro lugar, de outro mundo. «Ainda não sei como participar neste» diz aquele a quem nem o popular Obama escapa quando é preciso acossar o demónio por causa das fotografias classificadas de Guantánamo e evitar a serpente dentro de casa na pele de Dick Cheney.

E tudo isto no meio da mais tocante beleza audível que impele ao delírio agradecido quando «I Am a Bird Now» se espalha sem retrocesso pelo Coliseu e o álbum homónimo faz a sua aparição por entre a luz que continua. A noite é desta «bruxa» que exacerba o feminismo conquistado e é adorada de pé à primeira hipótese depois de duas horas que não acontecem todos os anos.

Alinhamento:

«Where Is My Power»

«Her Eyes Are Underneath the Ground»

«Epilepsy Is Dancing»

«One Dove»

«For Today I Am a Boy»

«Kiss My Name»

«Everglade»

«Another World»

PUB

«Shake That Devil»

«The Crying Light»

«I Fell in Love With a Dead Boy»

«Fistful of Love»

«You Are My Sister»

«Hope Mountain»

«Twilight»

«Aeon»

Encore

«Cripple and the Starfish»

«Hope There's Someone»

PUB

Últimas