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Coldplay: um cometa arrasador no Dragão

Chris Martin continua a ser um tremendo mestre de cerimónias

Magnânimo culto do «mainstream», poderoso libelo enfeitiçado na parafernália luz/música/voz. O cometa Coldplay, imparável, a eclodir no coração do Dragão. 97 minutos de devoção, entrega, refrões tentaculares, 50 mil almas benzidas pela chuva e quatro rapazes de Londres perdidos de amores pelo Porto no palco.

Um concerto dos Coldplay é, acima de tudo, um bom espetáculo. Não se limita a difundir as notas gravadas em estúdio, vai muito mais além. A monstruosidade da produção rouba à banda a genuinidade dos tempos de «Parachutes», é certo, e dá um toque ligeiramente alienígena ao cenário. Não deixa ninguém indiferente.

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A comunhão é harmónica, cósmica, desferida pela dança esquizofrénica de Chris Martin. Nos saltos para o precipício do conforto e do êxtase, Martin revela-se um animal de palco. Domina truques, segredos e estratégias para ter a turba testemunhal na mão. Só a larga ao último suspiro, no estertor da composição final.

Os Coldplay são, no fundo, um triunfo do «show business». Artistas jubilados de corpo e alma. Na sua natureza nada se perdeu, tudo se transformou.

O IOL Música esteve lá.

«God put a smile upon your face»: o clímax da noite

Pulseiras a cintilar no escuro, pirilampos mágicos, obsessão cénica a pintar um quadro arrebatador. «Muito obrigado! Boa noite, tudo bem?», esganiça Chris Martin. E lá vão eles. «Hurts like heaven», do último álbum «Mylo Xyloto», cumpre razoavelmente na abertura das hostilidades.

O povo quer mais, exige o regresso às raízes, aos tempos de «A Rush of Blood to the Head» e «Viva la Vida». Nem de propósito. Chega «In my place», embrulhado numa distorsão rouca, «Lovers in Japan» e a paragem brusca em «The Scientist». O piano secular, perpétuo e o manifesto de intenções a paralisar as gargantas: «You don¿t know how lovely you are»!

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Os braços do palco abraçam quem os procura. Martin chama os mais afoitos. Atrás, competentes, Jonny Buckland, Guy Berryman e Will Champion deixam-se levar pela doçura incendiária do mestre de cerimónias.

Coragem. Hipnose dissoluta e um passado ainda mais passado. «Yellow» cobre o Dragão de melancolia, há isqueiros acesos e memórias em arrepio. «Violet Hill» prolonga o estado de hibernação. Aguenta, suporta, barra o clímax até o limite do possível.

Num ápice, a deflagração absurda: «God put a smile upon your face». Brutal.

«Charlie Brown» e «Viva la vida»: grandes momentos

A fase pré-encore versou partituras desinteressantes do último álbum («Princess of China», «Up in flames», «Don¿t let it break your heart»), mas foi salva a tempo. «Warning Sign» será sempre uma grande música, «Viva la vida» é a celebração épica, «Charlie Brown» revela-se uma catarse surpreendente. Funciona muito bem ao vivo.

Luzes apagadas, saída de palco. Expetativa e grande surpresa: Chris Martin regressa por uma porta secundária, os restantes Coldplay juntam-se um a um. «Us against the world», «Speed of sound», «Clocks», «Fix you» e a exótica «Every teardrop is a waterfall» a fechar a noite.

Uma bandeira de Portugal envolveu Chris Martin e as promessas de mais visitas no futuro.

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