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Pedro Abrunhosa escreve carta aberta a Angela Merkel

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Músico critica as políticas de austeridade e diz que a chanceler alemã não está isenta de culpas «no desaparecimento da paz na Europa»

Pedro Abrunhosa aproveitou a visita da chanceler alemã a Portugal durante esta segunda-feira para endereçar a Angela Merkel uma carta aberta na qual critica as políticas de austeridade que estão a destruir a classe média.

No texto divulgado em comunicado e publicado também nas redes sociais, o músico portuense acusa Merkel de não praticar a austeridade que a Alemanha tem imposto sobre os parceiros europeus, como Portugal e a Grécia.

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Para Pedro Abrunhosa, a chefe de estado alemã não estará isenta de culpas «no crescimento de uma preocupante conflitualidade social a cada dia mais violenta, na desagregação do espírito europeu, no fim do sentido de comunidade e pertença, no fim do projeto Euro, no desaparecimento da paz na Europa, historicamente tão vulnerável à falta de solidariedade interna entre os seus membros».

Leia aqui a carta aberta de Pedro Abrunhosa a Angela Merkel:

«Exma. Sra. Merkl [sic],

Fala-lhe um cidadão português do interior daquilo que já foi a classe média. Como deve saber, como líder da maior economia da União Europeia, a ex-classe média foi a salvaguarda do sistema democrático porque reuniu em si a génese de um sistema que resultava da iniciativa, trabalho, produtividade, justiça fiscal, oportunidade, emprego, riqueza, qualidade individual e colectiva de vida.

Foi a classe média europeia um sonho de igualdade social, abençoado à esquerda e à direita, que sustentou nas democracias europeias a estabilidade e a Paz. Foi também através da classe média que o Estado Social, que e Europa se orgulhou de um dia ter criado, se financiou, permitindo a inúmeras gerações reformas dignas, sistemas de saúde eficazes, justiça, ensino, acesso a bens culturais, equidade e paz social.

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Parece-me que a forte economia alemã, que é o primeiro país da União a não cumprir contenção, controle do deficit, sobreendividamento público, conquistou este estatuto a reboque do que a ex-classe média do resto da Europa produziu como superavit, uma vez que o maior mercado para os produtos alemães é a restante UE.

Ao entronizar Austeridade sobre Austeridade para os seus parceiros europeus, algo que não pratica em casa, está V.Exª a matar o que resta do motor da economia da zona Euro e a trucidar o que resta do Estado Social. Não ficará a Alemanha que V.Exª dirige isenta de culpas no crescimento de uma preocupante conflitualidade social a cada dia mais violenta, na desagregação do espirito europeu, no fim do sentido de comunidade e pertença, no fim do projecto Euro, no desaparecimento da Paz na Europa, historicamente tão vulnerável à falta de solidariedade interna entre os seus membros.

Quer-me parecer que esta vontade indómita de liderança que V.Exa quer impor aos seus parceiros, faz deles menos parceiros e mais súbditos. Por essas razões, e muitas outras, Portugal, que nunca foi súbdito, começou já a demonstrar nas ruas, já que o Governo o não faz, que não aceitará trabalhar mais, pagar mais, para o enriquecimento do único pais que afinal V.Exa, já a muito custo, ainda dirige.

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"Um muro por mais alto não separa/ Os que têm fome dos que têm a seara." in "Silêncio" 1999

Atentamente,

Pedro Abrunhosa»

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