Os Paus, uma banda portuguesa feita de dois bateristas, um baixista e um teclista, lançam esta semana o primeiro álbum, com uma sonoridade que só encaixa na prateleira dos «difíceis de rotular», escreve a agência Lusa.
Em 2010 apresentaram-se com o EP «É Uma Água», quatro músicas marcadamente instrumentais, para lá das fronteiras do rock, com uma dupla bateria sonante alimentada ainda por melodias retiradas de um baixo eléctrico e dois teclados.
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Nessa altura, Paus aparentavam ser a soma das quatro partes, juntando Hélio Morais, baterista dos Linda Martini, Joaquim Albergaria, antigo vocalista dos Vicious 5, Makoto Yagyu e João Pereira, dos If Lucy Fell, todos do circuito rock alternativo de Lisboa e arredores.
Com as quatro músicas do EP, tocaram nos principais festivais de Verão - Paredes de Coura, Optimus Alive e Super Bock Super Rock - e deram uma série de concertos na discoteca Lux, em Lisboa.
Agora com o álbum de estreia, com oito músicas a apresentar na quinta-feira novamente no Lux e a 3 de Novembro no Hard Club (Porto), os músicos disseram em entrevista à Lusa que Paus é mais do que essa soma das quatro partes.
«Numa banda tu não trazes só o que tens para dar individualmente. Tu também és em função das pessoas que tens à tua volta. Em Paus sente-se muito isso», defendeu Hélio Morais.
«Harmonicamente a coisa melhorou um bocadinho», opinou João Pereira sobre o trabalho dos dois bateristas (Hélio Morais e Joaquim Albergaria), que descobriram os silêncios e aprenderam a complementar-se no troar rítmico da bateria siamesa e nos duelos nos concertos.
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«Há baterias neste disco em que um ritmo meu sozinho seria ridículo e um ritmo do Quim [Albergaria] seria ridículo, mas juntos fundem-se e fazem um ritmo que seria impossível de tocar por um só baterista», disse Hélio Morais.
O EP «É Uma Água» era «muito menos limpo, mais imediato, era mais punk rock. Este está mais refinado», explica Makoto Yagyu, guitarrista e baixista português de origem japonesa.
As músicas «Deixa-me Ser», que aparenta uma musicalidade africana, ou «Descruzada», mais soturna e desconstruída, reflectem esse apaziguamento dos quatro elementos com as composições que criaram. Mas também reflectem essa «inventividade» de colocar quatro instrumentos a cantar - porque não há vocalista oficial na banda - e que torna Paus um objecto difícil de rotular.
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