Chino Moreno ressuscitou em palco. Enérgico, gutural, vibrante - palavras que descrevem a entrega do vocalista dos Deftones depois de uma hora e dez minutos de suor em pinga no tablado do Teatro Tivoli.
Em viagem desde a madrugada de sábado a partir da Alemanha, sabia-se que o vocalista mostrava sinais de cansaço e também que estava quase afónico. À tarde poupou-se, escapou a quase todas as entrevistas. Quando chegou ao Tivoli para ensaios, ao final do dia, era evidente a debilidade física em que se encontrava. Chegou a temer-se o pior.
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Em cima do palco, o manager da tournée era, imponente, o dono do estrado, disparando ordens e fazendo as verificações técnicas necessárias para a actuação. «Onde está o pessoal do MySpace?», perguntava lá de cima, querendo inteirar-se de todos os pormenores da actuação. A seu lado, Chino Moreno parecia em baixo e ia fazendo o aquecimento da voz sem grande garra. Por isso, nada fazia prever o que depois aconteceu em palco e que foi, de resto, a confirmação de que os Deftones ainda são um dos nomes grandes do metal alternativo ou nu norte-americano - ele ressuscitou. A performance de todos os membros da banda teve nota máxima, mas Chino Moreno excedeu as expectativas com a sua actuação comovente (ou simplesmente potente, para quem só chegou à hora do concerto e não soube da missa a metade).
O concerto arrancou com «Rocket Skates» e «Diamond Eyes», os dois avanços do novo álbum que agora chegou às lojas. Do disco novo foram tocadas cinco músicas, que tiveram boa recepção do público, se bem que, como seria de se esperar, as maiores emoções vieram quando se ouviu o primeiro clássico. «Feiticeira» aqueceu os ânimos a par de outros temas oldies como «My Own Summer (Shove It)», que se lhe seguiu, ou «Change (in The House of Flies)» e, mais à frente, «Root», esta cantada junto à plateia de mãos a tocar nos fãs. Muita emoção, mosh controlado e crowd surfing q.b. estiveram do lado de cá do palco, com o público a corresponder à entrega e energia da banda.
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Cerca de mil fãs da banda estiveram ao rubro neste concerto gratuito do MySpace na emblemática sala de Lisboa. Cá fora, quinhentos a seiscentos ficaram à porta, sem conseguir entrar no recinto, que estava com a lotação máxima prevista.
A fila corria a Avenida da Liberdade a abaixo e começou a formar-se logo na tarde de sexta-feira, com um grupo de cerca de 25 fãs da banda californiana a passar a noite ao relento e à chuva para garantir lugar na primeira fila. Indiferentes à chuva e com a ajuda de alguma cerveja, a multidão foi-se juntando ao longo do dia, mas a enchente veio já depois da noite cair. Todos fãs acérrimos. Houve até quem viesse da Polónia ou da Alemanha para ver a banda neste concerto. Quem perdeu esta actuação memorável, só resta dar corda ao relógio e esperar: os Deftones regressam a Lisboa para o Festival Optimus Alive!10.
Alinhamento concerto dos Deftones no Tivoli «Rocket Skates» «Diamond Eyes» «Feiticeira» «My Own Summer (Shove It)» «Around The Fur» «Lotion» «You`ve Seen The Butcher» «CMD/CTRL » «Sextape» «When Girls Telephone Boys» «Minerva» «Birthmark» «Be Quiet & Drive» «Back To School» «Change (In The House Of Flies)»Encore «Root» «7 Words»
* com Cátia Soares, João Silva, Luís Silva, Manuel Lino, Paulo Sampaio e Ricardo Sabino
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