Cerca de 30 por cento das crianças que vivem no Algarve têm excesso de peso, valor que segue a linha do resto do país e que «preocupa» os especialistas, revela um estudo apresentado esta segunda-feira em Faro, noticia a Lusa.
O estudo, apresentado na Escola Superior de Saúde de Faro (ESSaF) e realizado no âmbito do Programa de Combate à Obesidade Infantil no Algarve ao abrigo de um protocolo entre a ESSaF e a Administração Regional de Saúde (ARS), baseou-se na avaliação a 1.021 crianças, com idades entre sete e nove anos.
PUB
As 1.021 crianças avaliadas foram seleccionadas de um universo de 1.568 crianças, de onde se excluíram as de nacionalidade estrangeira (158), aquelas cujos pais não autorizaram a participação no estudo ou aquelas com idade superior a nove anos.
A investigação, realizada em 15 escolas de nove concelhos algarvios durante o ano lectivo 2005-2006, aponta para 30 por cento de crianças com excesso de peso, das quais 20 por cento sofrem de pré-obesidade e 10 por cento são obesas.
Os números, que acompanham a tendência nacional, são «preocupantes», dizem os especialistas, que estabelecem uma relação entre o excesso de peso e o reduzido nível socioeconómico que prevalece na maioria dos países do Sul da Europa.
A obesidade tem de ser vista como questão económica
Durante a apresentação do estudo, Portugal foi apontado como o país do Sul da Europa onde a prevalência da obesidade é mais elevada, em parte devido ao facto de a população se alimentar de produtos mais baratos e altamente calóricos.
PUB
Segundo Cristina Padez, autora de um estudo semelhante ao apresentado, mas que cobriu todo o território nacional, à excepção do Algarve, - e que estima em 31,5 a prevalência do excesso de peso entre as crianças - a obesidade tem que ser vista como uma questão económica e não cultural.
«As pessoas não têm condições económicas para comprar melhores alimentos, que são os mais caros», afirmou, sublinhando que nem sempre existe a consciência de que a obesidade é um problema de saúde e não estético.
Cristina Padez fala ainda de um ambiente «obesogénico», muito difícil de combater e altamente responsável pelo sedentarismo, onde se inclui a televisão, os jogos de computador e a Internet.
PUB