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«É como olhar para o que se passou na minha vida»

É assim que Paula Rego classifica a exposição retrospectiva que será inaugurada esta noite em Madrid

«É como olhar para o que se passou na minha vida» - assim sintetiza Paula Rego, em declarações à agência Lusa, a exposição retrospectiva da sua obra que a partir de hoje está patente no Museu Rainha Sofia, em Madrid, e que é inaugurada oficialmente à noite.

A merecer amplo destaque mediático, tanto em Portugal como em Espanha, a exposição, que estará patente até 30 de Dezembro - e que depois segue para Washington - é a maior e mais completa da obra da pintora mostrada em Espanha. «Às vezes gostei (da minha vida), outras vezes não. Houve coisas boas e más», assinalou à Lusa.

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Com o apoio de Marco Livingston, comissário da exposição, e a colaboração das colecções privadas a que pertence grande parte das obras, a mostra de 200 trabalhos traça os percursos essenciais dos 55 anos de trabalho de Paula Rego, desde as suas primeiras obras (1952) até recentemente.

A única ausência é o período entre finais dos anos 60 e início da década de 80, quando circunstâncias pessoais - nomeadamente a morte do pai - a levaram a regressar temporariamente a Portugal.

A própria artista admite não gostar dos seus trabalhos desse período que, como referiu à Lusa Marco Livingston, o comissário da exposição, representam um desvio do desenvolvimento progressivo de toda a obra da artista, radicada em Londres.

Foi um período mais difícil numa obra constantemente marcada pela dureza, pelas histórias, pelas posições políticas, pelos retratos sociais e pelo humanismo de temas como a luta pela igualdade de género, o aborto e a infância.

«Somos todos meninos. Agora é-se menino de maneira diferente de antigamente. Agora brinca-se mais à frente da televisão. Mas continuam a ser meninos, mesmo quando crescem», afirmou. «Daí os meus bonecos», observou.

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São retratos onde a «indignação» por alguns temas, como o aborto em Portugal, mais recentemente, ou a ditadura, na décadas de 60, marcou lugar destacado.

«Há coisas que me indignam, como o aborto em Portugal. Coisas que me indignam politicamente e socialmente me estimulam. Não consigo mudar políticas, mas poder fazer um boneco talvez mude as ideias de alguns. Isso é muito importante», afirmou. «Sobretudo - frisou - no que toca às políticas das mulheres que, muitas vezes, passam muito mau bocado. É uma coisa horrível».

Mais do que um percurso cronológico, a exposição demonstra igualmente a complexidade do trabalho de Paula Rego, que Livingston compara «ao dos grandes mestres», onde o recurso ao desenho em quadriculado e aos modelos vivos a distinguem dos seus contemporâneos.

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