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Religiões só promovem paz se estiverem em paz

Para o Cardeal D. José Saraiva Martins a única guerra justa é a chamada guerra de defesa

O Cardeal D. José Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos do Vaticano, defendeu, esta sexta-feira, no Porto, que as religiões não podem promover eficazmente a paz no mundo se não existir paz entre elas, noticia a agência Lusa.

«As religiões não podem desempenhar eficazmente o seu papel em favor da paz mundial se não se encontram em paz entre elas e se não existem relações de diálogo, inspiradas no respeito recíproco e na confiança mútua», afirmou o cardeal português.

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No mesmo sentido, considerou que «as religiões não poderão desempenhar um papel eficaz em favor da paz mundial se não forem efectivamente reconhecidas na sua dignidade e importância pública».

«Se (as religiões) não tiverem voz na sociedade, não poderão contribuir para o seu bem», afirmou D. José Saraiva Martins, que falava na Universidade Católica do Porto, onde proferiu uma conferência sobre o tema «O papel das religiões na paz mundial».

«Não são precisas muitas palavras para demonstrar a frisante actualidade deste tema», disse, recordando que «todos os dias, notícias de conflitos e acontecimentos de violência e morte ocupam extensas páginas dos jornais».

Para o cardeal português, «a paz não é divisível, não se pode separar a paz da vida humana», salientando que «as instâncias e as formas da paz correspondem à totalidade das necessidades da pessoa como inteligência e coração, como corpo e espírito, como indivíduo e sociedade».

Na sua longa intervenção, D. José Saraiva Martins frisou que são «por demais evidentes» os atentados contra a paz a que se assiste diariamente, destacando o terrorismo como uma das mais graves violações da paz.

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A guerra foi outro dos atentados à paz referidos por D. José Saraiva Martins, que, citando o Livro do Siracide, considerou que quem quer impor a paz por meio da guerra é como «um eunuco que tenta violar uma virgem».

Para o cardeal português, «a única guerra justa é a chamada guerra de defesa (da justiça, do território)».

«Ainda assim, para ser tal, deve ser realmente uma guerra de defesa e corresponder ao bem comum do país, deve pressupor um diálogo paciente com os agressores e a tentativa de os fazer parar mediante outros meios dissuasores», acrescentou.

D. José Saraiva Martins considera, por isso, que «contribuir para a paz é um dever de todas as religiões, que contradiriam a sua própria natureza se, de um modo concreto e eficaz, não se empenhassem por construir a paz».

O cardeal frisou, no entanto, que, para atingir este objectivo, as religiões têm de respeitar alguns princípios, que resumiu no que chamou Decálogo das Religiões para a Paz.

«Antes de mais, as religiões, ou seja, os seus adeptos, devem rezar pela paz», apelou, frisando que «a paz é, sem dúvida, fruto dos esforços humanos».

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O empenho pela paz, através da denúncia da violência, foi outro dos princípios apontados, juntamente com a educação pela paz e a preparação de pessoas que «amem e defendam a paz e estejam dispostas a sacrificar por ela tempo, forças e bens».

Por outro lado, defendeu que «a paz mundial, para ser verdadeira e duradoura, deve basear-se na liberdade, na verdade e no amor», mas alertou que «as confissões religiosas não se devem converter em agentes políticos».

A finalizar, o cardeal português disse que «as religiões, no cumprimento da sua missão de contribuir para a paz mundial, devem estar profundamente convencidas de que a sua acção pode ser decisiva».

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