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BE quer explicações sobre «concurso farsa»

Fernando Rosas considera que «à boleia do programa, houve uma tentativa de branqueamento do fascismo e de Salazar»

O Bloco de Esquerda exigiu hoje explicações à RTP sobre o seu «concurso farsa» que «entronizou» Oliveira Salazar como «o maior português de sempre», fazendo uma «rasteira apologia do salazarismo».

Numa declaração política no período antes da ordem do dia do plenário da Assembleia da República, o deputado do BE Fernando Rosas teceu duras críticas ao programa «Grandes Portugueses», que terminou no domingo com a escolha de Oliveira Salazar como «o maior português de sempre», considerando que o Parlamento tem o dever de exigir explicações.

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«Esta Assembleia, órgão por excelência da soberania popular e sede primeira da democracia - essa democracia que o fascismo proibiu e espezinhou - tem o estrito dever de exigir da televisão pública as explicações que são devidas à luz do regime legal e constitucional a que está vinculada», sublinhou Fernando Rosas.

Referindo-se ao concurso promovido pela estação pública de televisão como uma «farsa», Fernando Rosas lamentou a «escolha maniqueia e sem sentido» que era proposta, com o pretexto que «só havia lugar para um» e a deformação da realidade histórica feita «com o fito de obter audiências sem qualquer escrúpulo de seriedade».

«Farsa particularmente atentatória dos valores da democracia e da liberdade que inspiram a Constituição da República, ao promover a apologia grosseira do regime salazarista e do ditador que o chefiou durante 36 anos, sem respeitar os critérios mínimos de rigor e isenção, num estilo hagiográfico digno dos piores episódios de falsificação e primarismo dos aparelhos de propaganda do Estado Novo», disse.

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A forma como decorreu a votação para a eleição do «maior português de sempre» foi igualmente alvo das críticas de Fernando Rosas, que classificou o processo como uma «fraude» e «um despique de claques em que cada um votava quantas vezes lhe apetecesse».

Sublinhando que enquanto cidadão, historiador e professor sempre defendeu e praticou «a mais completa liberdade de estudo e abordagem da história contemporânea», já que o «pluralismo de escolas de pensamento é o cerne da liberdade de expressão» o deputado do BE lamentou que essa ideia não tenha também sido seguida pela RTP.

«Isso foi precisamente o que não fez a RTP com o seu concurso farsa e a sua rasteira apologia do salazarismo», salientou, lembrando que a ditadura militar representou o principal factor de bloqueio à modernidade política, económica, social e cultural do país no século XX.

«A democracia portuguesa, precisamente, nasceu da negação e da destruição desta infâmia política e moral», acrescentou.

A bancada do PCP foi a única a juntar-se ao protesto do Bloco de Esquerda, com o líder parlamentar comunista, Bernardino Soares, a saudar a intervenção de Fernando Rosas por chamar a atenção para que, entre os deveres de serviço público da RTP não está "ter qualquer dever de neutralidade relativamente ao fascismo".

«À boleia do programa, houve uma tentativa de branqueamento do fascismo e de Salazar, que chegou a ser apresentado como uma estrela de pop», afirmou.

Bernardino Soares alertou também para a necessidade desta questão ser falada, defendendo que não se pode deixar surgir «qualquer revivalismo fascista» na sociedade portuguesa.

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