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Cabo Verde: Tartarugas marinhas à beira da extinção

SOS Tartarugas alerta para possível desaparecimento dos animais em 10 anos

As tartarugas marinhas podem desaparecer de Cabo Verde num prazo de oito a dez anos se nada for feito para as proteger, alerta a organização não governamental SOS Tartarugas.

Segundo a Lusa, a organização foi criada este ano na ilha do Sal, em Cabo Verde, e destina-se a proteger as dezenas de tartarugas que todos os anos, no Verão, chegam às ilhas para pôr os ovos e que são com frequência mortas pelas populações.

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O governo garante que é «prioridade nacional» a defesa das tartarugas e lembra que o país ratificou a Convenção sobre a Diversidade Biológica em 1995 e que também faz parte da Convenção sobre Comercio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (CITES).

Em Dezembro de 2002 proibiu por decreto-lei a morte de tartarugas (já havia restrições desde 1997) e este ano apresentou um Plano de Conservação de Tartarugas Marinhas de Cabo Verde.

Maior fiscalização

O plano prevê o reforço de fiscalização, para evitar «as práticas ilícitas de captura, comercialização e consumo» e o envolvimento da população em acções de conservação, sugerindo mesmo que a tartaruga seja adoptada como emblema nacional para divulgação turística.

No entanto, no Sal, junto da localidade de Fontona, segundo Jacquie Cozens, da SOS Tartarugas, há animais num tanque de água suja, capturados por locais que cobram um euro a turistas que as queiram ver. No aeroporto da Boavista, acrescentou, há tartarugas dentro de um tanque também.

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No ano passado, só na praia de Achada Baleia, Santiago, protegida por militares, metade das tartarugas que desovaram entre 1 de Junho e 15 de Julho foram mortas. Na ilha da Boavista, em 2007, foram mortas metade das tartarugas que chegaram à praia, segundo a SOS Tartarugas. O governo não tem dados.

Pénis de tartaruga contra impotência

Em Cabo Verde muitos ainda crêem que o pénis da tartaruga cura problemas de impotência, e, se as fêmeas são mortas durante a desova na praia, os machos são capturados no mar, já que não vêm a terra.

Há dois dias deu à costa o cadáver de uma tartaruga marinha macho, por ingestão de lixo (cordas) e logo um habitante de Praia Baixo (ilha de Santiago) lhe cortou o pénis, um acto que poderá estar ligado a essa crendice.

As praias de Cabo Verde são o terceiro mais importante dos cinco locais do mundo de desova das tartarugas marinhas, com destaque para a espécie «Caretta-caretta».

Nos meses de Verão as fêmeas chegam às praias para desovar, sendo que cada fêmea pode fazer várias desovas, e entre 56 e 70 dias depois nascem as tartarugas-bebé, que imediatamente se dirigem para o mar.

Entre 20 a 30 anos depois as fêmeas voltam à mesma praia onde nasceram, para desovar. Os machos não regressam a terra mas ficam nas imediações.

Estima-se que apenas uma em cada mil tartarugas marinhas chegue à idade adulta. Em Cabo Verde uma tartaruga é vendida, em média, por 40 euros.

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