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Banco de Portugal: economia portuguesa pode contrair 9,5% e desemprego chegar a 10,1%

Projeções do Boletim Económico falam de um quadro mundial comparável ao da Grande Depressão de 1929 e contemplam um cenário severo para Portugal, em que a quebra do Produto seria de 13,1%

As projeções do Boletim Económico do Banco de Portugal apontam para uma diminuição do Produto Interno Bruto (PIB) de 9,5% em 2020, "refletindo um impacto negativo muito acentuado da pandemia durante o primeiro semestre", diz a instituição. A previsão mais pessimista entre os seus pares (ver quadro em baixo) e muito acima dos 6,9% de quebra estimados pelo Governo.

"As projeções apresentadas neste Boletim Económico estão fortemente condicionadas pelos efeitos económicos muito adversos da pandemia Covid-19. Em 2020, a economia portuguesa deverá contrair-se de forma muito acentuada, num contexto de reduções do PIB mundial e do comércio internacional apenas comparáveis às registadas na Grande Depressão de 1929".

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De acordo com o documento apresentado hoje, num quadro de relativo controlo da epidemia e de progressivo levantamento das medidas de contenção adotadas para lhe fazer face, "perspetiva-se que a atividade económica comece a recuperar a partir do terceiro trimestre de 2020."

Se tal acontecer a instituição liderada por Carlos Costa projeta que o PIB cresça 5,2% em 2021 e 3,8% em 2022. No final do horizonte de projeção, a atividade deverá situar-se num nível próximo do observado em 2019, mas consideravelmente abaixo do esperado antes da pandemia. Mas há também o desenho de um cenário mais pessimista e severo que levaria a economia a cair até aos 13,1% este ano.

O consumo privadoé uma das "vítimas" desde ano económico, deve cair 8,9%, "mais acentuada do que a quebra do rendimento disponível real, e à qual deverão seguir-se crescimentos de 7,7% em 2021 e de 3% em 2022.

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Curiosamente, "a taxa de poupança deverá aumentar substancialmente em 2020, refletindo a dificuldade de consumir alguns bens e serviços durante o estado de emergência e a elevada incerteza prevalecente." 

Estima-se que o consumo público aumente 0,6% em termos reais em 2020, em resultado do efeito conjugado de uma maior despesa em saúde pública no contexto da crise pandémica e da diminuição da atividade das administrações públicas, relacionada com uma redução do número de horas trabalhadas.

"Após a reversão destes efeitos pontuais e na ausência de medidas de política adicionais, prevê-se que o consumo público mantenha, ao longo do horizonte de projeção, uma evolução similar à projetada para o ano em curso", reforça o documento.

O investimento "deverá recuperar mais rapidamente do que em ciclos anteriores, após uma queda significativa em 2020, embora seja esperado que, em 2022, permaneça aquém dos níveis registados em 2019."

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 A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) deverá reduzir-se 11,1% em 2020, refletindo a queda acentuada da componente empresarial, e crescer 5,0% em 2021 e 4,5% em 2022. A expectativa é que o impacto negativo sobre a FBCF residencial seja relativamente limitado e que a FCBF pública apresente um crescimento superior ao do PIB ao longo de todo o horizonte de projeção.

Exportações em queda de 25,3%, turismo penaliza e muito

Perspetiva-se uma queda das exportações de bens e serviços de 25,3% em 2020, seguida por crescimentos de 11,5% em 2021 e de 11,2% em 2022, que serão insuficientes para recuperar o nível registado em 2019. A queda nas exportações reflete, sobretudo, uma descida muito acentuada das exportações de serviços associados ao turismo, com efeitos persistentes até ao final do horizonte de projeção.

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As importações de bens e serviços deverão apresentar uma trajetória relativamente similar à das exportações. A capacidade de financiamento da economia, medida pelo saldo conjunto da balança corrente e de capital, deverá reduzir-se para 0,3% do PIB em 2020 e assim permanecer nos dois anos seguintes.

"Em 2020, a balança de bens e serviços deverá ser deficitária, o que acontece pela primeira vez desde 2011, refletindo uma redução do excedente da balança de serviços, associada sobretudo à queda das exportações de turismo", esclarece o Boletim.

No mercado de trabalho, as projeções apontam para uma queda expressiva do emprego em 2020, de 4,5%, e para um aumento significativo da taxa de desemprego, para 10,1%, "evoluções que dependem criticamente das políticas adotadas que visam preservar o emprego e a liquidez das empresas."

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"Em 2021 e em 2022, deverão registar-se melhorias quer no emprego quer na taxa de desemprego, mas não suficientes para retomar os valores observados em 2019", espera a projeção da instituição.

O Banco de Portugal, faz questão de reforçar que as atuais projeções mantêm-se, no entanto, "condicionadas por uma elevada incerteza quanto à evolução da pandemia, à duração e ao impacto das medidas de contenção e ao efeito das medidas de política adotadas."

No Boletim Económico, são identificados riscos de revisão em baixa das projeções para a atividade económica em Portugal, sobretudo relacionados com a possibilidade de uma evolução mais adversa da pandemia.

Projeções Macroeconómicas para a Economia Portuguesa

Instituições Conselho Finanças Públicas (jun20) OCDE (jun20) Ministério das Finanças (dez19) BdP (jun20) FMI (abr20) CE (mai20)
PIB -7,5% -9,4% -6,9% -9,5% -8% -6,8%

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