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Pereira Gomes renuncia à chefia das Secretas

Júlio Pereira Gomes diz-se de "consciência tranquila" em relação à polémica de que estava a ser alvo. Entretanto, o primeiro-ministro já afirmou, também em comunicado, que aceita esta decisão

José Júlio Pereira Gomes renunciou à chefia das Secretas. Foi o próprio que anunciou a sua decisão, em comunicado, nesta quarta-feira. A renúncia surge depois de a sua indigitação ter gerado polémica. Em causa, está a missão de observação portuguesa ao referendo de Timor que Pereira Gomes chefiou em 1999. Entretanto, o primeiro-ministro já afirmou, também em comunicado, que aceita esta decisão.

O embaixador Pereira Gomes, que foi indigitado para Secretário-Geral do SIRP, disse que aceitou o convite do primeiro-ministro, António Costa, "por considerar que tinha a obrigação de responder positivamente ao desafio de uma nova missão de serviço público".

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Mas, agora, o diplomata manifesta a sua "indisponibilidade" para chefiar as secretas, na sequência das reservas suscitadas à sua indigitação, nomeadamente sobre a forma como dirigiu a “Missão de Observação Portuguesa ao Processo de Consulta da ONU em Timor Leste (MOPTL)”. Isto apesar de frisar que se sente de "consciência tranquila" em relação à polémica.

No centro da polémica está o processo de retirada dos observadores portugueses de Timor-Leste em 1999, depois do referendo à independência do país. Algo que terá acontecido contra a vontade do Governo de então, do socialista António Guterres

A apreensão com este convite veio da oposição, do PSD, mas também do Bloco de Esquerda - Catarina Martins pediu ao Governo para "reconsiderar" a escolha - e do próprio PS. 

A eurodeputada socialista Ana Gomes foi uma das vozes que se mostrou preocupada com a nomeação de Pereira Gomes, sugerindo que o diplomata não teria a "capacidade para aguentar situações de grande pressão".  

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Tenho dúvidas de que o embaixador Pereira Gomes tenha capacidade para aguentar situações de grande pressão. Não inspira confiança e autoridade junto dos seus subordinados nos serviços de informações", referiu a eurodeputada, em declarações ao DN.

Posteriormente, num artigo de opinião no Público, o jornalista Luciano Alvarez falou também da passagem do embaixador por Timor-Leste em 1999.

O primeiro-ministro, António Costa, informou, também em comunicado, que aceitou a decisão, reiterando a confiança que justificou a sua indigitação. O chefe do Executivo socialista sublinhou que falou com os então "Primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, António Guterres e Jaime Gama", concluindo que "o embaixador José Júlio Pereira Gomes procedeu à evacuação da missão (...) por instruções diretas do Governo (...) não desobedecendo nem contrariando portanto qualquer ordem para se manter em Díli".

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 As reações dos partidos

Os partidos já começaram a reagir à notícia. O CDS-PP acusou o PS de irresponsabilidade na escolha de Pereira Gomes para chefiar os serviços de informações.

Já o Bloco de Esquerda, pelo vice-presidente da Assembleia da República José Manuel Pureza, relembrou a "reserva" do partido sobre a indicação do embaixador.

O BE, atempadamente, manifestou a sua reserva sobre a indigitação do embaixador Pereira Gomes para o exercício de responsabilidades como secretário-geral do SIRP. Registamos que tenha manifestado a sua indisponibilidade na sequência de informações vindas a público sobre o seu desempenho enquanto chefe de missão dos observadores portugueses do referendo em Timor-Leste em 1999", disse o deputado bloquista, nos passos perdidos do Parlamento.

O BE, segundo Pureza, aguardará agora nova indigitação por parte do primeiro-ministro, o socialista António Costa.

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