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O secretário-geral do PS apelou ao primeiro-ministro para ter a "humildade democrática" de travar a privatização da TAP, alegando que só está em funções por uma excecionalidade constitucional e que esse processo necessita de amplos consensos.
"Chamo a atenção que estamos numa circunstância política muito especial, já que em condições normais daqui a três semanas este Governo cessaria funções. Só por circunstâncias excecionais previstas na Constituição é que este mandato se vai prolongar por mais alguns meses - e estamos a falar de decisões que são estratégicas para o país, como é o facto de termos ou não TAP, a sobrevivência da ligação área de Portugal ao mundo."
"Mas este Governo nada fez para ter consenso social ou consenso político, seguindo antes uma via de pura teimosia e de radicalismo ideológico. O Governo persiste num caminho que faz perigar o futuro da TAP, assim como não nos conduzirá a nada de bom no que respeita aos transportes públicos de Lisboa e do Porto", advertiu o secretário-geral do PS.
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Depois, António Costa deixou um apelo ao Governo e ao primeiro-ministro, dizendo que "ainda estão a tempo de mudar".
"Aquilo que era recomendável ao senhor primeiro-ministro é que tivesse a humildade democrática de perceber que os governos têm legitimidade para governar na sua legislatura, mas que as decisões que tomam e que têm consequências muito para lá das suas legislaturas devem ser sustentadas em compromissos políticos bastante alargados. É pena que o primeiro-ministro tenha desaproveitado sistematicamente as oportunidades que lhe foram proporcionadas de haver um acordo político sólido".
"Mas não vou entrar por aí, porque não é esse o tipo de debate que interessa aos portugueses. Neste momento está em causa um projeto que prevê a privatização a cem por cento do capital da TAP, porque o Estado na segunda fase fica amarrado a alienar o restante", disse, antes de voltar a criticar o Governo por ter recusado todas as soluções de compromisso propostas pelo PS.
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"Mas o Governo recusa tudo, não quer compromisso nenhum e tem uma teimosia ideológica que está a conduzir a TAP, assim como os transportes públicos do Porto e de Lisboa, para uma situação extremamente negativa para o futuro do país. O Governo ainda está a tempo de emendar a mão e de fazer aquilo que é um consenso mínimo, dando tempo para que se encontrem outras soluções tendo como base um acordo social e político alargado", acrescentou.
António Costa considerou ainda que uma privatização da TAP com um encaixe financeiro muito baixo seria a prova de como o atual Governo tem conduzido erradamente este processo.
Costa falava aos jornalistas no final de uma conferência sobre "Políticas públicas em 2015", no ISCTE, em Lisboa, depois de confrontado com a possibilidade admitida na quarta-feira pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, de privatizar a TAP mesmo que as propostas financeiras dos potenciais compradores sejam consideradas baixas.
"Isso seria a cereja em cima do bolo para demonstrar a forma altamente negativa como o Governo conduziu todo este processo."
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"Nem sei como classificar as palavras do primeiro-ministro, porque o PS já se disponibilizou para um acordo sobre capitalização pública com autorização de Bruxelas, já se disponibilizou para apoiar a privatização parcial por via da dispersão em bolsa e já se disponibilizou para aceitar uma privatização até 49 por cento, mas o Governo recusou uma, recusou duas e recusou as três soluções, teimando concretizar uma solução que sabe que tem a discordância do PS, das estruturas sindicais e da generalidade dos portugueses."
"Ou então é porque o primeiro-ministro anda com um excesso de nervosismo que não lhe permite sequer estar atento, não ouvindo o que outros lhes dizem."
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