Já fez LIKE no TVI Notícias?

João Lourenço sublinha "futuro promissor" nas relações entre Portugal e Angola

Presidente de Angola recebeu hoje as chaves da cidade do Porto, cidade onde está previsto assinar acordos e reunir com o primeiro-ministro português, António Costa

O presidente de Angola, João Lourenço, afirmou esta sexta-feira que a cerimónia na Câmara do Porto abre portas a "um futuro promissor" nas relações entre Portugal e Angola.

"Esta cerimónia abre as portas a um futuro promissor de cooperação e intercâmbio em todos os setores que possam contribuir para o aprofundamento das nossas relações bilaterais, pois estou convencido que a nossa visão sobre o intercâmbio ganhará expressão real nas conversações que dentro de momentos serão mantidas entre as delegações angolana e portuguesa, chefiadas por mim e pelo primeiro-ministro, António Costa", disse João Lourenço.

PUB

O presidente angolano, que chegou ao edifício da autarquia portuense cerca de 40 minutos depois do horário previsto, afirmou sentir-se "honrado" com esta visita ao Porto, "cidade conhecida no mundo pela sua coragem" e pelos "feitos" da sua população, que lhe valeram "titulo único de cidade Invicta".

Para João Lourenço, a história "heroica" do Porto "tem paralelo com algumas cidades de Angola", onde "também os seus habitantes souberam com estoicismo lutar pelos valores das suas cidades, pela sua liberdade e pela salvaguarda de importantes conquistas, alcançadas com esforço, empenho e dedicação".

O chefe de Estado angolano enalteceu, ainda, valores do Porto, afirmando que o município é uma "cidade do trabalho, vencedora quando se propõe realizar objetivos" e "pujante" no desempenho, quer das suas indústrias como no desporto e cultura.

Por sua vez, num discurso de boas-vindas, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse que poderá haver quem tenha uma "visão paternalista" em relação a Angola, mas garantiu que neste concelho se vive os "sucessos angolanos sem complexos de superioridade ou de inferioridade".

PUB

"Haverá sempre quem, pelas melhores ou piores intenções, tenha uma visão paternalista sobre o que se passa em Angola. Também haverá quem, pelas melhores ou piores razões, mantenha algum ressentimento e desconfiança. Mas, falando em nome dos portuenses, porque só em nome deles posso falar, afianço-lhe que vivemos como nossos os vossos sucessos e os vossos avanços e não temos complexos de superioridade ou de inferioridade", disse o presidente da Câmara do Porto.

Numa cerimónia que contou com a presença do primeiro-ministro português, António Costa, Moreira sublinhou os laços afetivos entre Portugal, dando destaque à cidade do Porto, e Angola, para depois frisar a importância do aspeto económico.

"Temos trocas económicas e os investimentos cruzados que constroem riqueza em ambas as nações. Temos famílias que se abraçam e que se foram construindo, unindo os nossos povos", disse o autarca, acrescentando que no Porto se olha para o mercado angolano "com atenção e carinho".

PUB

Por fim, apontando o exemplo da loja Kinda Home - de um grupo português implantado em Angola - que vai abrir no Porto, num investimento de cerca de 20 milhões de euros, e somando outros aspetos sobre as rotas mercantes entre os dois países, Rui Moreira referiu-se ao "empenho do Governo português no sucesso desta visita de Estado".

"É um sinal claro do caminho que vem sendo trilhado e de que o Porto faz parte e quer continuar a fazer parte", concluiu Rui Moreira, antes de entregar a João Lourenço as chaves da cidade, um ato que o autarca considerou "o mais simbólico dos atos que um presidente de câmara pode ter para com um chefe de Estado" por significar que este "não é apenas bem-vindo, mas um cidadão do Porto".

"Passo decisivo" para parceria privilegiada

Os governos português e angolano destacaram que a visita de Estado do presidente da República de Angola a Portugal representou um “passo decisivo na plena realização da parceria estratégica e privilegiada entre os países”.

PUB

Num comunicado conjunto a que a Lusa teve acesso, a propósito da visita de João Lourenço, a convite do Presidente da República português, afirma-se que a parceria entre os dois países se destaca “pelo respeito recíproco”, estando “construída numa lógica de interesses comuns e benefícios mútuos”.

“Os diversos encontros mostraram uma ampla convergência de pontos de vista e permitiram uma oportuna atualização de informação sobre a situação política, económica e social nos dois países, bem como sobre os principais temas regionais e internacionais”, acrescenta o comunicado, distribuído quando o Presidente angolano está no Porto, no âmbito da visita, que encerra no sábado.

Portugal e Angola reiteraram a “satisfação pela excelência do relacionamento” entre os dois países, confirmando “o empenho no continuado reforço da cooperação bilateral, alicerçado no respeito pelos princípios da Carta das Nações Unidas e pelas normas do Direito Internacional”.

Isto, “nomeadamente no que concerne à promoção da paz e segurança regional e internacional, ao respeito pelos valores democráticos, da soberania e integridade territorial, da proteção e promoção dos Direitos Humanos e da não ingerência nos assuntos internos de cada Estado”.

PUB

Assinados 13 acordos de "dinamização e cooperação"

Portugal e Angola assinaram 13 acordos para a “dinamização da cooperação” entre os dois países, em áreas como a justiça, formação de pessoal docente, engenharia, turismo, cultura, reinserção social, medicina legal, saúde, ciência, inovação e ambiente.

No âmbito da visita de Estado do Presidente da República de Angola a Portugal, foi ainda firmado um acordo de parceria para o “Reenquadramento e Consolidação do Centro de Investigação em Saúde de Angola [CISA]/ Caxito”, com vista a “reativar as atividades” daquela entidade, “baseando o seu funcionamento futuro em princípios e instrumentos de gestão de referência para os centros de investigação, de forma a reforçar a sua sustentabilidade e a assegurar a sua estabilidade”.

Ainda na área da saúde, Portugal e Angola assinaram um memorando que “visa fortalecer a cooperação entre os dois países em áreas como a formação de profissionais de saúde; a emergência médica; a qualidade dos medicamentos, incluindo a respetiva avaliação, autorização, licenciamento, fiscalização e controlo laboratorial; cuidados primários de saúde, nomeadamente saúde materno-infantil; e a regulação do setor farmacêutico”.

PUB

Os dois países assinaram também um protocolo de cooperação entre o Laboratório Nacional de Engenharia Civil português e o Laboratório de Engenharia de Angola, para definir “ações de cooperação científica e técnica, em áreas como o comportamento estrutural de edifícios e pontes; segurança e observação de barragens e pontes; infraestruturas de transporte; erosão costeira e assoreamento de portos; abastecimento de água e saneamento”.

Outro dos memorandos de entendimento pretende “promover uma ampla cooperação intergovernamental, interministerial e interinstitucional entre os dois países na área da qualidade da formação e gestão do pessoal docente”.

Nos domínios do ensino superior, ciência, tecnologia e inovação, chegou-se a uma “declaração de intenções” que “pretende estimular a formação de uma nova plataforma de colaboração” naquelas áreas, “lançando e especificando as parcerias de cooperação académica, científica e da inovação entre as instituições de ensino superior e instituições de investigação científica e desenvolvimento de ambos os países”.

PUB

Quanto à cultura, alcançou-se um protocolo para o “reforço do intercâmbio bilateral em domínios como a arte e artesanato; o cinema e audiovisual; os arquivos, bibliotecas e museus; o património cultural, móvel, imóvel, imaterial e museologia; os direitos de autor e direitos conexos; e a literatura e história”.

Na área do ambiente, o “memorando de entendimento” tem por objetivo “contribuir para o desenvolvimento, a médio e longo prazos, da cooperação bilateral nos domínios do ambiente e do desenvolvimento sustentável, em áreas como as alterações climáticas; a conservação da natureza; a gestão dos recursos da vida selvagem e a educação ambiental”.

Da visita de Estado iniciada na quinta-feira em Lisboa, resultou ainda um memorando de entendimento entre o Instituto de Fomento Turístico (INFOTUR) e o Turismo de Portugal, I.P., no do domínio do Turismo.

A intenção é “reforçar a cooperação bilateral a estabelecer nas áreas da investigação e do desenvolvimento turístico, bem como as formas de implementação dessa cooperação”.

PUB

Até 2020, o Turismo de Portugal e o Instituto de Fomento Turístico de Angola têm agora um “plano de ação” para “dinamizar e aprofundar as relações de cooperação no domínio do turismo entre Portugal e Angola, prevendo atividades em eixos estratégicos como capacitação e troca de conhecimentos”.

O Turismo de Portugal e o Ministério da Hotelaria e Turismo de Angola firmaram ainda outro plano de ação, até 2022, “prevendo atividades em eixos estratégicos como a formação e a internacionalização do Programa REVIVE”.

Na área da justiça, um dos protocolos “pretende reforçar, através da prestação de assessoria e de assistência técnica, a cooperação na área dos serviços penitenciários, da reinserção social, da medicina legal, das ciências forenses e da investigação criminal”.

O outro tem em mente “fomentar a cooperação no domínio da Justiça através, nomeadamente, da troca de experiência e de informações entre peritos no domínio da elaboração de normas legais e de outros textos jurídicos, da instrumentalização prática destes, bem como no da doutrina e outras publicações de temática técnico-jurídica”.

Na área da juventude, os dois países estipularam um acordo para “fortalecer o intercâmbio bilateral”, através “do incremento da cooperação institucional; da mobilidade juvenil; de estudos comuns sobre Juventude entre os respetivos Estados e de intercâmbio e parcerias no quadro de projetos internacionais”.

PUB

Últimas