O deputado socialista Paulo Pedroso, suspeito de crimes de abuso sexual de menores no caso Casa Pia, foi hoje submetido a prisão preventiva após ter sido ouvido no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa.
O anúncio foi feito pelo seu advogado, Celso Cruzeiro, perto das 8:45 de hoje, cerca de 14 horas depois de iniciado o interrogatório.
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O interrogatório a Paulo Pedroso, interrompido cerca das 2:00, foi retomado cerca das 4:00 e prosseguiu até cerca das 8:30 no TIC.
A audição do porta-voz do PS, alegadamente indiciado da prática de 15 crimes de abuso sexual de menores, foi possível após o levantamento da imunidade parlamentar, autorizada quarta-feira ao princípio da tarde, a pedido do próprio deputado, pela Assembleia da República.
Horas antes, ao fim da noite de quarta-feira, sublinhara a firme convicção de que o seu cliente se encontra «completamente inocente dos factos que lhe são imputados».
Na base das suspeitas que recaem sobre Paulo Pedroso está o testemunho de duas crianças. Os factos remontam a 1999 e 2000, altura em que os dois menores tinham 12 e 14 anos.
Um dos menores relatou cinco situações de alegado abuso e o outro de dez, ainda de acordo com a SIC. Na altura, os jovens não terão identificado o visado, tendo-o feito mais tarde através de fotografia.
Estes casos terão ocorrido com o alegado envolvimento do advogado Hugo Marçal e do ex-funcionário da Casa Pia, Carlos Silvino «Bibi», numa casa em Elvas. Ambos são também arguidos no escândalo de pedofilia da Casa Pia e estão em prisão preventiva.
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A SIC garante que os investigadores estão na posse de excertos de conversas telefónicas feitas por Paulo Pedroso, em que este fala do assunto com o secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, e com um jornalista de uma rádio.
O secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, insurgiu-se contra a «montagem e infâmia» que está a atingir Paulo Pedroso e o PS, adiantando que o seu próprio nome já foi insinuado no escândalo de pedofilia.
O secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, afirmou que existe uma «montagem organizada» de pessoas «com pseudo provas» para envolver o seu nome no escândalo de pedofilia, prometendo aos «caluniadores» o combate da sua vida.
«As mesmas fontes credíveis que informaram o PS há 12 dias» sobre um possível envolvimento de Paulo Pedroso no processo da Casa Pia «também me fizeram chegar essa ideia em relação a mim», afirmou o líder socialista.
«Essas fontes disseram-me que há uma arquitectura contra mim, não por ser ex-professor do ISCTE, mas por ser secretário-geral do PS», acrescentou o líder socialista.
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Na conferência de imprensa, após uma reunião do Secretariado Nacional do PS, Ferro Rodrigues disse não ser capaz de identificar a origem das «calúnias» contra si, «as mesmas que lançaram uma ignóbil calúnia» sobre o porta-voz socialista, Paulo Pedroso, frisou.
«Sei que há uma óbvia vontade de atirar o meu nome para a lama, envolvendo-o no processo sobre crimes de pedofilia na Casa Pia. Pode ser o último combate da minha vida, mas darei um combate tremendo contra esses testemunhos forjados», adiantou o secretário-geral do PS.
Ferro Rodrigues lamentou depois que, «essa montagem organizada com pseudo provas, até agora, já tenha conseguido constituir Paulo Pedroso como arguido».
Sobre a situação de Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues afirmou que a justiça «tem de actuar com seriedade, solenidade e rigor», acrescentando que o PS «não permitirá que este caso dê origem a uma suspeição generalizada, ou a um clima de julgamento popular. Queremos e merecemos a verdade e só a verdade», declarou.
«Paulo Pedroso é um cidadão, cidadão como qualquer outro. No plano da justiça, merece o que todos os cidadãos merecem: direito ao seu bom nome, direito a proteger a sua família e o direito à verdade», declarou Ferro, que se encontrava acompanhado por quase todos os membros do Secretariado Nacional do PS.
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