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O Presidente da República admitiu a hipótese de ter recebido documentos nas duas audiências que concedeu a Ricardo Salgado no início de 2014, que contivessem informação sobre os problemas do BES. E, caso isso tenha acontecido, garantiu que enviou os mesmos documentos para o Governo.
«Não há quase ninguém que vá falar com o Presidente que não lhe entregue documentos. Se alguém me entregou [documentos] da parte dos bancos, como não tenho o poder executivo, devo ter entregue a mesma coisa ao Governo».
Numa carta enviada aos deputados«O Presidente da República é informado, em primeiro lugar, pelas entidades oficiais e, depois, porque deve acompanhar os assuntos nacionais, concede audiências a quem as solicita e que ele considere relevante».
Cavaco Silva assegurou que todos os documentos que recebe nas audiências estão «nos arquivos da Presidência ou junto dos assessores do Presidente da República».
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Questionado sobre as perguntas que os deputados da comissão de inquérito lhe colocaram, o chefe de Estado revelou que não lhes vai responder: «O Presidente nunca revela o que se passa com ele. Não tenho esclarecimentos adicionais a prestar».
Sobre o conteúdo dos encontros com Salgado, o Presidente da República destacou que tem «mais de 2500 audiências por ano» e que, portanto, não se lembra «rigorosamente» do que foi dito. Além disso, Cavaco sublinhou que essas audiências são «reservadas».
«As pessoas têm que ter confiança no Presidente, de que ele mantém a reserva do que ali se passa».
«O Presidente tem como função fundamental ouvir os portugueses para saber como vai o país e por isso concede um número de audiências que ultrapassa tudo aquilo que possam imaginar e elas são sempre mantidas reservadas. Nunca conseguirei reproduzir com rigor aquilo que dizem em milhares de audiências. É uma ignorância que alguns revelam em relação ao trabalho de um Presidente».
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«Alguns jornalistas e políticos disseram fiz alguma declaração sobre o BES. É mentira. Fiz três afirmações sobre o Banco de Portugal e mais nada. Nunca fiz nenhuma declaração sobre o BES. Sou o único político em Portugal que tudo o que diz está no site da Presidência».
Segundo essa transcrição, questionado sobre o impacto da situação do Grupo Espírito Santo na economia portuguesa, Cavaco Silva declarou: «Eu considero, pela informação que tenho, que o Banco de Portugal, como autoridade de supervisão, tem vindo a atuar muito bem para preservar a estabilidade e a solidez do nosso sistema bancário».
Na mesma ocasião, o Presidente da República acrescentou: «O Banco de Portugal, desde há algum tempo, tem vindo a tomar medidas para isolar o banco, a parte financeira, das dificuldades financeiras da zona não financeira do grupo. E, o Banco de Portugal tem sido perentório, categórico, a afirmar que os portugueses podem confiar no BES, dado que as folgas de capital são mais do que suficientes para cobrir a exposição que o banco tem à parte não financeira, mesmo na situação mais adversa».
«E eu, de acordo com informação que tenho do próprio Banco de Portugal, considero que a atuação do banco e do governador tem sido muito, muito correta», completou.
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