O deputado do PSD Miguel Frasquilho acusou esta quarta-feira o primeiro-ministro de ter revelado ignorância sobre o sistema financeiro ao falar em jogo e de mostrar não perceber a actual crise ao responsabilizar os Estados Unidos, noticia a Lusa.
«Ouvimos declarações do primeiro-ministro a diabolizar os mercados financeiros, a falar do jogo da bolsa como se de um casino se tratasse ¿ reveladoras até de alguma ignorância sobre o papel do sistema financeiro», considerou Miguel Frasquilho.
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Numa declaração política em plenário, o deputado do PSD acrescentou que «o primeiro-ministro culpabiliza o Estados Unidos pela situação a que se chegou, fechando os olhos ao que se passa na Europa».
«A falha na supervisão e na regulação existiu, tal como uma falha do mercado, mas é uma falha global. O primeiro-ministro ainda não percebeu isso e culpa os Estados Unidos», alegou Miguel Frasquilho, perguntando em seguida: «Se não percebeu, como pode resolver o problema?».
O deputado do PSD criticou também os ministros das Finanças, Economia e Obras Públicas e acusou o Governo de ter feito sobre a crise «declarações irreflectidas, contraditórias, demagógicas e irresponsáveis que a população portuguesa não precisa de ouvir».
Intervenção nas taxas de juro
Já o líder parlamentar do BE, Luís Fazenda, responsabilizou as entidades de supervisão independentes pela crise financeira, defendendo a regulação a partir do Estado, e pediu uma intervenção do Governo em relação às taxas de juro.
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«Os portugueses não aguentam mais as taxas de juro. Porque é que o Governo português não toma uma iniciativa política? Uma atitude na União Europeia?», questionou Luís Fazenda, numa declaração política no Parlamento.
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) apelou também a que o Governo tente alterar o Programa de Estabilidade e Crescimento: «Será que não querem negociar? Criar algum desafogo no Orçamento do Estado para o próximo ano de modo a ter realmente medidas anti-cíclicas?».
Quanto às razões da crise financeira, o líder parlamentar do BE culpou a ideologia neoliberal, perguntando o que têm a dizer agora os neoliberais, mas também a social-democracia por ter permitido «entidades de supervisão independentes que falharam». «Os social-democratas estão na origem desta crise quando há 20 ou 30 anos abdicaram da regulação do capitalismo a partir do Estado», sustentou Luís Fazenda.
«As contradições do capitalismo»
O secretário-geral do PCP considerou que a crise financeira revela «as contradições do capitalismo» e defendeu que o plano Bush/Paulson dos EUA e as intervenções em bancos de vários países europeus são «morfina num corpo doente».
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Em conferência de imprensa no Parlamento, o líder comunista, Jerónimo de Sousa, considerou que os planos «Bush/Paulson» e as intervenções estatais em bancos em vários países da Europa «são medidas avulsas» que não passam de «morfina num corpo doente».
Esses planos e nacionalizações, frisou, visam «passar os custos da crise para as populações em geral e terão como consequência uma ainda maior concentração da riqueza e centralização do capital» sem resolver os problemas dos contribuintes e dos que têm empréstimos para a habitação.
Jerónimo de Sousa considerou que a crise financeira internacional evidencia «as contradições do capitalismo» e exigiu ao Governo medidas que reforcem a economia portuguesa como a valorização dos salários e da produção nacional.
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