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Histórias da campanha: Aqui os candidatos não chegaram, mas ninguém se importa

A jornalista vai acompanhar a campanha dos candidatos presidenciais. Siga também em http://twitter.com/Sara_Marques

O GPS marca o destino: Malveira. Não. Não nos enganámos. Sabemos que esta vila de cerca seis mil habitantes, do concelho de Mafra, não está na agenda de nenhum candidato para o dia de hoje, mas é precisamente por isso que é o destino da nossa reportagem.

À entrada da vila, uma armação enferrujada mostra o suporte que já ostentou outdoors de campanha noutras eleições. Desta vez, resta apenas a armação vazia, que serve de moldura à paisagem que se estende por trás. Mais à frente, nova rotunda, o mesmo cenário. Noutra rotunda avistamos dois outdoors, mas ao chegar percebemos que se trata de publicidade a hipermercados. Haverá algum cartaz de campanha na Malveira?

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Veja as fotos

Foram precisas mais algumas voltas para encontrar dois cartazes, os dois de Francisco Lopes, candidato apoiado pelo PCP e pelos Verdes. Um deles, um pequeno cartaz, de pouco mais de um metro de altura, colocado ao lado de uma estrutura mais vistosa, com anúncio a um restaurante de fast-food, passa até despercebido a quem trabalha no clube de vídeo, a loja que fica mesmo em frente.

Carro estacionado e, ao contrário do que é costume nestes 15 dias em que dura a campanha eleitoral, desta vez a repórter não ouve os carros de som, com o hino que toca incessantemente, não vê bandeiras, jornalistas, comitivas¿ apenas uma vila no seu dia-a-dia normal.

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Num café, Júlio Machado explica que, noutras eleições, os candidatos lá aparecem, «mas normalmente é à quinta-feira, dia da feira, que é quando há mais eventuais eleitores». Mas desta vez, nem a feira deverá trazer os candidatos à Malveira.

Júlio Machado não hesita em dizer que não tem pena que os candidatos não passem por cá. «Pelo que vi nos debates, acho que nenhum está interessado em fazer nada para ajudar o país».

Mas se a ausência dos que podem vir a ser o próximo Presidente da República não o incomoda, este eleitor lamenta que não haja campanha na Malveira. «Pelo menos umas fotos, uns panfletos¿ qualquer coisa. Não há nada. Nas presidenciais, vilas são vilas, província é província. Só interessam as cidades», lamenta.

Percorrendo as ruas da Malveira e conversando com os malveirenses, percebemos que, a maioria não lamenta que a campanha não chegue cá. «Nós queremos é sossego. Eles só vêm cá para fazer barulho e pedir votos. Depois desaprendem o caminho de cá até às próximas eleições», atira uma transeunte. «Cartazes? Para quê? Ainda se os candidatos fossem bonitos», brinca. E segue caminho porque «há que ir trabalhar» e «não há cá tempo para essas coisas das campanhas».

Deixamos a Malveira como estava. Sem folhetos no chão, sem o ecoar dos hinos da candidatura, sem as ruas cortadas para as habituais arruadas ou «contactos com a população». É certo que o sossego desta vila não é incomodado pelas comitivas eleitorais, mas também é verdade que muitos dos que encontrámos nas ruas, lojas e cafés da Malveira não sabem sequer em que dia são as eleições presidenciais.

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