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Professores: Governo acusado de rever currículo para despedir

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PCP apresentou um projecto de resolução que visa suspender o processo

A oposição parlamentar acusou esta quinta-feira o Governo de apresentar uma proposta de revisão curricular apenas com o intuito de despedir professores, eliminando disciplinas e redistribuindo a carga horária das que se mantêm.

De acordo com a Lusa, as críticas do PCP, do PEV, do BE e do PS foram rebatidas pela maioria parlamentar que apoia o Governo (PSD-CDS), para quem foi feita uma consulta pública «muito participada» sobre esta matéria, com milhares de contributos enviados ao Ministério da Educação e Ciência (MEC).

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Pelo PCP, que apresentou um projecto de resolução destinado a suspender o processo, o deputado Miguel Tiago sublinhou estar em curso «um ajustamento aos comandos troika» que vai colocar em situação de desemprego «milhares de professores» e aumentar a precariedade no sector.

«Esta é uma política de empobrecimento da escola pública, que significa um retrocesso civilizacional de décadas», argumentou o deputado comunista Miguel Tiago.

Também para o Bloco de Esquerda a proposta que o Governo apresentou em Dezembro de revisão da estrutura curricular do ensino básico e secundário é «uma espécie de corta e cola», que «tira umas horas e umas disciplinas aqui e coloca outras ali».

A deputada do BE Ana Drago considerou que a auscultação pública, cujo prazo oficial terminou a 31 de Janeiro, decorreu «num modelo não democrático».

O BE defendeu, por isso, que o Governo ouça o Conselho Nacional de Educação (CNE) e que este órgão consultivo do MEC realize uma avaliação sobre a matriz curricular em vigor, sem que sejam feitas quaisquer alterações antes de apuradas essas conclusões.

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«O Governo tem um mandato para governar, fez uma proposta e colocou-a em discussão pública, é difícil imaginar um modelo mais democrático», respondeu o deputado do CDS-PP Michael Seufert, acrescentando que o MEC recebeu milhares de contributos e que suspender o processo agora seria substituí-lo por outro que já não entraria em vigor no próximo ano lectivo: «Os prejudicados seriam os alunos».

O PS considerou que a proposta do Governo é negativa e manifestou-se contra o fim de formação cívica, bem como a transferência de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para o 2.º Ciclo, sem que tenha continuidade nos anos seguintes.

O socialista Acácio Pinto concordou com a proposta do BE para envolver o Conselho Nacional de Educação neste debate.

O PSD frisou que desde 2004 não era submetida a discussão pública qualquer proposta de revisão curricular e criticou a oposição por, em vez de apresentar contributos, se «limitar a apresentar projectos para suspender» o processo.

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O deputado social-democrata Amadeu Albergaria disse que o Governo já havia tomado a iniciativa de consultar o CNE e considerou abusivo pedir a suspensão do processo quando foram remetidos milhares de contributos e auscultados os directores de escolas de todo o país.

Heloísa Apolónia, de Os Verdes, sublinhou que mais do que o número de contributos interessa o conteúdo, o qual a deputada Ana Drago disse não ter sido enviado aos grupos parlamentares.

A proposta do Governo, no essencial, reforça o tempo dedicado às disciplinas centrais do conhecimento e elimina ou reduz outras ofertas mais recentes, nomeadamente áreas curriculares não disciplinares, como formação cívica, que tem sido alvo de muitas posições a favor da sua manutenção no currículo.

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