Em vésperas do congresso do Partido Socialista, o líder parlamentar, Francisco Assis, anunciou que não pretende voltar a dirigir a bancada parlamentar do PS. Em entrevista ao «Jornal de Notícias», Assis reconhece que a campanha eleitoral vai ser difícil e, apesar de defender compromissos, admite que não é possível qualquer entendimento de Governo com os partidos à esquerda.
«Não tenho qualquer desejo em voltar a ser líder parlamentar». É desta forma, clara, que Francisco Assis anuncia, em entrevista ao JN, que não pretende voltar a liderar a bancada parlamentar do PS. O deputado justifica que é «o líder parlamentar com mais tempo de funções na história do PS», tendo sido deputado durante «seis anos em dois momentos distintos», e admite que esta foi uma experiência «difícil, exigente e desgastante».
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Francisco Assis deixa, assim, clara a sua posição antes do Congresso do Partido Socialista, que arranca esta sexta-feira em Matosinhos. Um congresso que o líder parlamentar espera que seja «de reafirmação de uma liderança e de uma linha de orientação». Também por isso, não quis adiantar se a liderança do PS está no seu horizonte. «Nem eu nem ninguém devemos falar nisso neste momento, porque nós vamos relegitimar uma liderança».
O seu futuro político, garante, «passa por voltar a ser candidato a deputado». Desta vez, «seguramente», pelo círculo do Porto.
«Não é possível nenhum entendimento de Governo com partidos à nossa esquerda»
Numa altura em que o partido define estratégias para o que admite serem «eleições difíceis e especialmente exigentes», Francisco Assis diz que o PS tem grandes possibilidades de vencer. E fala de dois projectos de governação em confronto. «O da Direita, que à boleia da crise põe em causa aspectos do Estado Social, e o nosso, que, a par de um ajustamento orçamental, quer modernizar a sociedade e defender o Estado Social, embora com os ajustamentos necessários».
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Apesar de estes serem, aparentemente, projectos bem diferentes, é com esta Direita que Assis admite que possa vir a existir uma coligação ou acordos parlamentares e de regime no futuro, caso não saia destas eleições uma maioria clara. Isto porque, de acordo com o líder parlamentar, não é possível compromissos à esquerda.
«Neste momento não é possível nenhum entendimento de Governo com partidos à nossa esquerda porque temos divergências intransponíveis. As propostas do BE e do PCP não têm viabilidade do quadro europeu», justifica.
Questionado sobre se a campanha do PS não seria mais fácil se Sócrates não fosse candidato, Francisco Assis diz que «uma das qualidades do primeiro-ministro é que não vira a cara à luta, não foge, corre riscos». E destaca ainda a «experiência» de Sócrates, numa altura em que «precisamos de um primeiro-ministro experiente».
«O que neste momento suscita a ajuda externa imediata é a crise política»
Francisco Assis diz que a situação do país tem vindo a agravar-se desde o chumbo do PEC e que Portugal, apesar de estar há mais de um ano com dificuldades sérias ao nível do financiamento externo, estava a resistir.
«O PEC era fundamental nessa estratégia de resistência e, infelizmente, não foi aprovado e foi aberta uma crise política que acentuou as dificuldades.»
O líder parlamentar do PS continua a defender que teria sido preferível evitar a ajuda externa e justifica que «o que neste momento suscita a ajuda externa imediata é a crise política».
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