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«Votos em branco davam para eleger um eurodeputado»

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Politólogos dizem que a duplicação mostra descontentamento com o PS e com os partidos

Os 165 mil votos em branco registados nas europeias de domingo, que corresponde a uma duplicação face às eleições de 2004, em que se registaram 87 mil, representam uma «manifestação activa do descontentamento» dos eleitores não apenas com o PS mas também com o próprio sistema político-partidário, referem vários politólogos citados pela Lusa.

Para Manuel Meirinho, investigador do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa, o voto em branco «é uma das formas de manifestação do descontentamento» que tende a aumentar a par deste sentimento da população.

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António Costa Pinto, investigador do ICS, considera, por seu lado, que o aumento dos votos em branco «expressa, em princípio, uma parte do eleitorado que vota habitualmente PS», estando «também aí o seu protesto». O especialista considera que os votos em branco não expressam um sentimento «anti-partidos global, porque esses eleitores abstêm-se», refere.

Pata Meirinho, as Europeias favorecem o voto em branco e a penalização dos governos «porque para uma grande parte dos eleitores não está em causa a governabilidade».

Uma votação tão expressiva em branco revela uma tendência «preocupante» mas que «começa a ser normal» de quem pretende exercer o dever cívico mas não encontra qualquer opção na oferta política, explica Meirinho.

Os votos em branco «davam para eleger um eurodeputado e isso tem um significado muito grande», visto que «o limiar de representação nas europeias é de 3.3 por cento», cerca de 150 mil votos, prossegue o especialista.

Para José Adelino Maltez, do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica, o «voto em branco é um voto activo». Este politólogo lança uma questão para as próximas legislativas: «por que é que não se equaciona um governo de coligação à imagem da Alemanha, de forças de esquerda e direita?».

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Cabeças-de-lista não foram factor decisivo

Para António Costa Pinto, investigador do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, os cabeças-de-lista dos partidos às europeias «não foram o factor mais decisivo» na votação de domingo.

«Não acho que os cabeças-de-lista tenham tido um grande efeito, quer na negativa quer na positiva, não acho que a presença de Nuno Melo na comissão do BPN tenha sido decisiva como não acho que a presença de Vital Moreira tenha sido a causa da derrota do PS», refere, citado pela Lusa.

Para Manuel Meirinho, o CDS-PP e «não só Nuno Melo» ganhou com o caso BPN, referindo o politólogo a «deficiência na armadura da sondagem» do partido, onde «há sempre um desvio técnico que depois não se confirma nas urnas».

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