O BE considerou esta terça-feira que o reembolso antecipado ao Fundo Monetário Internacional (FMI) é «uma gota de água no oceano da dívida» e «não pode servir para esconder a emergência nacional» da renegociação da dívida.
Em declarações aos jornalistas no parlamento, o líder parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares, afirmou que esta devolução de 14 mil milhões de euros ao longo de dois anos e meio mostra que «estávamos a pagar muito mais à troika do que deveríamos» e que o Governo «está a dar a mão à palmatória».
Fonte do Ministério das Finanças confirmou hoje à Lusa que «já seguiu» para os credores internacionais a carta em que o Governo «pede autorização para reembolsar antecipadamente apenas o FMI», parte integrante da troika durante o Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), juntamente com a Comissão Europeia (CE) e com o Banco Central Europeu (BCE).
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Caso este plano seja aprovado, isto significa que Portugal vai devolver mais de metade do crédito devido à instituição liderada por Christine Lagarde em dois anos e meio, uma vez que o Fundo emprestou 27,38 mil milhões de euros, de acordo com a versão mais recente do calendário de amortização da dívida direta do Estado da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), de janeiro.
O presidente da bancada do BE considerou que este «rollover» da dívida, a «substituição de um empréstimo por outro empréstimo com juros mais baixos», levanta uma questão sobre as taxas de juro pagas por Portugal.
«Como é que é possível que nós tenhamos tido uma ajuda do FMI que nos sai mais cara do que o acesso direto aos mercados?», interrogou Pedro Filipe Soares.
«Isto é uma gota de água no oceano da dívida, não pode nunca servir para esconder o que é a emergência nacional, a renegociação da dívida. Só assim de facto enfrentamos este abuso que existe sobre o país no pagamento dos juros da dívida», advogou.
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Pedro Filipe Soares defendeu que o «debate da questão essencial da renegociação da dívida» deve ser feito no plano europeu e criticou a falta de iniciativa dos socialistas portugueses junto de governos da sua família política para levar o assunto ao Conselho Europeu.
«Há outros governos europeus socialistas que deveriam ter tido também esta preocupação e não vimos da parte dos socialistas portugueses pressão neste sentido», declarou.
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