Só Pedro Nuno Santos, ex-líder da JS, tinha autorização do grupo parlamentar do PS para votar a favor o projecto-de-lei dos Verdes que propunha o casamento entre homossexuais. Mas Manuel Alegre também votou favoravelmente, rompendo a disciplina partidária imposta, apesar de ter avisado o líder da bancada, Alberto Martins.
Depois de esta sexta-feira o Parlamento ter chumbado, com os votos contra do PS, PSD e CDS-PP, o projecto dos Verdes e do Bloco de Esquerda, que também propunha a adopção por casais homossexuais, contabilizaram-se dois votos favoráveis do PS, um do PSD - Paulo Pereira Coelho, que votou a favor do projecto dos Verdes e se absteve no do BE - e mais de uma dezena de declarações de voto, com o grosso das participações a caber ao Partido Socialista.
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Parlamento chumba casamentos gays
À saída Manuel Alegre explicou as razões da sua votação não alinhada com o grupo parlamentar: «Voto com a minha consciência», afirmou, recordando que quando foi candidato à Presidência da República pronunciou-se «a favor da liberdade de orientação sexual» durante a campanha.
«Não peço licença para votar», acrescentou. «Voto de acordo com a minha consciência», afirmou, tendo também entregue uma declaração de voto, onde invocou que esta é uma questão de «direitos e liberdades».
Apesar de a bancada parlamentar não ter dado autorização a Manuel Alegre para votar a favor, Alberto Martins, quando questionado pelos jornalistas, afirmou que «a decisão de voto é livre e responsável». Na bancada do PS, não existe «a lógica de autorização», garantiu Martins. «Não me pronunciei, nem julguei a decisão» de Manuel Alegre, disse ainda.
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Além de Manuel Alegre e Pedro Nuno Santos, o social-democrata Paulo Pereira Coelho também votou favoravelmente os casamentos homossexuais.
Na bancada do PSD, que tinha anunciado existir liberdade de voto sobre o tema, verificaram-se oito abstenções - Sérgio Vieira, Pedro Duarte, Pedro Pinto, Miguel Almeida, André Almeida, Raul dos Santos, José Eduardo Martins e Luís Carloto Marques.
Também na bancada do CDS-PP houve uma declaração de voto conjunta de Teresa Caeiro e João Rebelo, que defendem uma união civil.
Já o Bloco de Esquerda absteve-se na proposta dos Verdes e o PCP e os Verdes fizeram o mesmo em relação ao projecto do BE.
«Homofóbicos, novos e velhos, todos cobardes», gritou-se das galerias
Das galerias, ouviram-se gritos de um homem que repetiu várias vezes: «Velhos e novos, todos cobardes», «homofóbicos, velhos e novos, todos cobardes». Foi obrigado a sair da sala, e os restantes, que permaneceram na galeria, seguiram a votação em silêncio.
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Presentes estavam representantes de algumas associações, assim como a jornalista Fernanda Câncio, defensora dos casamentos homossexuais e que esta sexta-feira assina um artigo de opinião no Diário de Notícias sobre o chumbo parlamentar e o eleitorado socialista.
De forma simbólica, uma mini-manifestação à porta da Assembleia da República encenava dois casamentos homossexuais - entre dois gays e duas lésbicas - perante mais jornalistas e repórteres fotográficos do que manifestantes.
AR chumba casamentos com mini-manif à porta
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