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Oeiras: direita apresenta «ética» contra um Isaltino subliminar

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Isabel Meirelles lidera coligação entre PSD, CDS, PPM

Isaltino Morais não esteve no Forte de S. Bruno, em Caxias, na apresentação da candidatura coligação Mais Oeiras, liderada por Isabel Meirelles. O nome do autarca nem sequer foi pronunciado nos discursos de uma tarde que reuniu várias figuras de peso do PSD, do CDS e do PPM. Mas, sob as palavras que ecoaram entre as espessas paredes da fortificação, espreitou um Isaltino subliminar. O antigo social-democrata pairou sobre a agitação multipartidária de bandeiras, que se uniu para o derrubar e escolheu como «impressão digital» os «valores» e a «ética».

Poucas candidaturas autárquicas terão tido a atenção que teve a de Oeiras por parte dos partidos mais à direita: o PSD disponibilizou como mandatário Paulo Rangel, o líder parlamentar do CDS, Pedro Mota Soares, lidera a lista para a assembleia municipal, Manuela Ferreira Leite e Paulo Portas enviaram mensagens que foram lidas na apresentação de Isabel Meirelles. O presidente do PP teve mesmo na sua agenda a ida ao Forte de S. Bruno, e teria ido não fosse o debate entre os líderes partidários desta quarta-feira.

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Paulo Rangel tentou evitar que as suas palavras convocassem inadvertidamente o espectro do autarca recentemente condenado a sete anos de prisão efectiva por corrupção passiva, branqueamento de capitais, abuso de poder e fraude fiscal. Mas em Oeiras não há cautela retórica que resulte, quando na apresentação de um programa eleitoral se invocar ética, valores ou transparência, apesar de em Oeiras estas palavras terem um carácter quase inevitável, face às circunstâncias judiciais que envolvem o seu presidente de câmara.

Rangel esquivou-se a isto. Preferiu acentuar que «o poder municipal instalado no concelho de Oeiras já não tem visão, já não tem rasgo, já não tem capacidade para lidar com os desafios actuais». Exprimiu a necessidade de uma «visão não paroquial» e que as características «cosmopolitas» que atribuiu a Isabel Meirelles sejam transferidas para a autarquia. Mas nem Rangel resistiu à tentação da axiologia, embora para acentuar que a coligação é mais do que apenas uma cruzada pela purificação moral da autarquia. «Há qualidade na política se, ao lado dos padrões éticos - que são o seu primeiro pressuposto -, houver competência, houver capacidade, houver conhecimento».

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Do «campo certo» ou do «campo errado»

Já Pedro Mota Soares, que vai a votos, foi mais apaixonado numa esgrima discursiva quase maniqueísta. «Se não escolhermos um campo, se formos neutrais, estamos a pactuar com o que é mal e com o que está errado. Acho que a Isabel escolheu não ser neutral, não ficar cúmplice do que são algumas das coisas que mais mancham a nossa vida colectiva, a nossa vida pública».

E para que não restassem dúvidas, insistiu: «Esta eleição é muito marcada por isso. Penso que poucas vezes foi tão claro o desafio entre sermos do campo do que está certo ou sermos do campo do que está errado. Escolhermos o campo do que achamos que são valores correctos ou escolhermos o campo do que achamos que são valores errados».

«Valores e ética»

Só o discurso de Isabel Meirelles seria menos permeável à transparência de Isaltino, apesar da aparente proibição tácita de pronunciar o seu nome no resguardo do forte. «Quero dizer que vamos apostar nos valores e na ética», disse a candidata à presidência da autarquia, depois de ter apresentado as linhas programáticas da candidatura. «Parece um lugar comum falar de ética. Parece estranho falar num princípio de vida que a todos deve ser próximo. Porém, esta palavra assume uma dimensão crescente quando estamos a falar de Oeiras».

«A ética é o motor que faz girar as nossas vidas, pelos princípios na atitude, pelos valores na acção e pela verdade no caminho», apontou. «Esta é a impressão digital da nossa candidatura: valores e ética para que Oeiras volte, novamente, a ser notícia pelas melhores razões».

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