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Presidenciais: Sócrates diz que «o que se passou no domingo foi lamentável»

Primeiro-ministro admitiu no Parlamento que não pode demitir Rui Pereira sem saber exactamente o que correu mal na noite eleitoral. Jornal avança que 42 mil pessoas com Cartão do Cidadão não conseguiram saber qual o seu número de eleitor

O primeiro-ministro recusou retirar quaisquer consequências políticas sobre os problemas registados na eleição de domingo antes de saber os resultados do inquérito que foi instaurado, mas admitiu que a dificuldade «não deveria ter acontecido».

«A verdade é a seguinte: o que se passou no domingo não devia ter acontecido. O que se passou no domingo foi lamentável. O senhor ministro teve ocasião de se dirigir aos cidadãos eleitores e aos portugueses, pedindo desculpa pelo facto disso ter acontecido», afirmou José Sócrates, no debate quinzenal, no Parlamento.

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O primeiro-ministro espera os resultados do inquérito aberto para apurar as causas do que aconteceu, um inquérito que será realizado pelo departamento de sistemas de informação da Universidade do Minho e que o Governo espera que esteja concluído em duas semanas.

«O que nós não fazemos é retirar consequências imediatamente antes do inquérito. Isso não me parece próprio», afirmou José Sócrates, em resposta a Paulo Portas, líder do CDS-PP, partido que pediu a demissão do ministro da Administração Interna, Rui Pereira.

Perante a resposta de José Sócrates, Paulo Portas afirmou: «O senhor sem se dar conta acabou de demitir o ministro da Administração Interna».

Paulo Portas questionou «se o que se passou não se devia ter passado», porque é que é o técnico e não o político a assumir a responsabilidade», aludindo ao pedido de demissão do director-geral da Administração Eleitoral.

O líder do CDS disse ainda ter informações de que os serviços pediram um reforço da verba para que fosse possível enviar cartas aos cidadãos que mudaram o número de eleitor e perguntou se essa verba foi ou não recusada pelo ministro das Finanças.

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«Em 2009 foram escritas 400 mil cartas que custaram cerca de meio milhão de euros. Em 2011 era preciso escrever um milhão de cartas e custava o dobro (...). O que os serviços eleitorais pediram para conseguir fazer o trabalho das eleições (...) foram 9,8 milhões de euros para fazer a primeira volta totalmente em condições», disse. No entanto, acrescentou, «foi-lhes dado 0,7 ME, 13 vezes menos». Sócrates disse no plenário que não teve conhecimento de qualquer pedido.

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O assunto passou várias bancadas. Também o líder parlamentar do PSD, Miguel Macedo, afirmou no debate quinzenal com o primeiro-ministro que a «bagunçada eleitoral» de domingo terá de ter «consequências do ponto de vista da responsabilidade política».

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«Os senhores, o ministro da Administração Interna e o primeiro-ministro, não pensem que se vão esconder atrás da demissão de dois directores-gerais».

Segundo Miguel Macedo, as dificuldades de milhares de eleitores em votar nas presidenciais foram inéditas «desde os tempos em que há democracia em Portugal» e o processo eleitoral «foi gerido com irresponsabilidade, com total negligência, com falhas que são gritantes». E considerou que «num país desenvolvido o ministro responsável pelo sector, o ministro da Administração Interna, não podia deixar de pedir a sua demissão no fim de uma bagunçada daquelas».

42 mil pessoas impedidas de votar

Pelo menos 42 mil pessoas com Cartão do Cidadão tiveram problemas em votar nas presidenciais do último domingo, segundo uma análise do jornal «Público» publicada esta sexta-feira.

Esta contabilização foi feita a partir de uma ronda telefónica junto das 40 freguesias com maior número de eleitores, num universo de 1,289 milhões de eleitores.

A abstenção nas eleições presidenciais foram as maiores da história democrática portuguesa e foi sido agravada pela impossibilidade de milhares de eleitores com Cartão do Cidadão.

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