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O ex-primeiro-ministro José Sócrates diz que o processo em que está indiciado por branqueamento de capitais, corrupção passiva e fraude fiscal tem como objetivo impedir a vitória do PS nas eleições legislativas de 4 de outubro. Em mais uma carta enviada a partir da cadeia de Évora, desta vez para o o “Jornal de Notícias”, o antigo governante acusa a justiça de ter cometido um “erro monstruoso."
Numa alusão aos nove meses que quinta-feira se completam desde o dia em que foi detido no aeroporto de Lisboa, à chegada de um voo de Paris, José Sócrates refere que “é tempo de todos tirarem uma conclusão: fui preso sem que existissem quaisquer provas contra mim. A interpretação mais benigna, embora ainda assim intolerável, é a de que me prenderam "para investigar". Mas o ex-primeiro-ministro indica outra:
“À medida que o tempo passa cresce a legítima suspeita de que este processo tem como verdadeira motivação condicionar as próximas eleições e impedir a vitória do PS. Acontece que isso não compete à justiça, mas à política", lê-se na carta, a publicar na íntegra na edição do "Jornal de Notícias" de quinta-feira.
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“É como se o velho princípio in dúbio pro reo [em caso de dúvida absolve-se o réu] tivesse sido invertido”, observa. José Sócrates conclui que a investigação "já 'acreditou' em tudo e no seu contrário", passando "de uma teoria para a outra cada vez que a anterior esbarra contra a verdade", afirma.
Além disso, acrescenta José Sócrates, em caso de "fatalidade" ou "incapacidade" de Santos Silva, não teria qualquer forma de aceder ao dinheiro, dado que não consta como beneficiário das contas bancárias: "O dinheiro não é, nem nunca foi meu."
A recente venda do apartamento de luxo na Rua Braancamp a um magistrado paquistanês, que teve como objetivo declarado iniciar o pagamento das suas dívidas ao amigo Carlos Santos Silva mas que se encontra sob investigação das autoridades, também merece reparo do ex-primeiro-ministro.
“Face ao que está em jogo, os magistrados das instâncias superiores tendem a conceder à investigação uma tolerância inadmissível num processo justo.”“O Ministério Público ordenou uma investigação pelo facto de um cidadão paquistanês ter decidido comprar um apartamento. A única razão parece residir no facto de esse apartamento ter sido meu. Já não se trata apenas do respeito que deve às pessoas e aos seus direitos, mas do respeito que o Ministério Público deve a si próprio.”
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