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MP identifica as formas de levar o dinheiro a Sócrates

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Na resposta ao recurso da prisão preventiva, o procurador ironiza e afirma mesmo que «nem o lendário tio rico da América faria tanto por um sobrinho», referindo-se a Carlos Santos Silva e ao ex-primeiro-ministro

O Ministério Público entende que existem fortes indícios de que José Sócrates recebeu dinheiro do Grupo Lena para beneficiar este grupo empresarial em contratos com o Estado enquanto era primeiro-ministro.

Entre 2012 e até que Sócrates foi detido, o empresário fez chegar ao ex-governante mais de milhão e meio de euros. O procurador ironiza e afirma mesmo que «nem o lendário tio rico da América faria tanto por um sobrinho».   Sócrates sempre alegou que o dinheiro recebido do amigo Carlos Santos Silva se tratava de empréstimos. No entanto, na resposta ao recurso da prisão preventiva, a que a TVI teve acesso, são identificadas 10 formas diferentes de fazer chegar esse dinheiro ao ex-primeiro-ministro.   Nesse despacho, pode ler-se, por exemplo, que o empresário Carlos Santos Silva deu dinheiro ao motorista de José Sócrates, comprou três casas à mãe do antigo primeiro-ministro, adquiriu ainda um apartamento à antiga mulher do antigo governante e financiou a Sofia Fava a aquisição de um monte no Alentejo.

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Além disso, comprou um apartamento em Paris onde Sócrates vivia, emprestou dinheiro a amigas do antigo primeiro-ministro e ainda financiou a aquisição de milhares de livros do ex-governante.   Por isso, o Ministério Público entende que todo o dinheiro cuja proveniência está relacionada com atos de corrupção pertence a José Sócrates   No recurso da prisão preventiva, Sócrates dizia que o Ministério Público não indicava quem corrompeu quem, quando e para quê. Mas, na resposta ao recurso do arguido, o procurador garante que há fortes indícios dos crimes   Carlos Santos Silva e o Grupo Lena aparecem como os corruptores e José Sócrates é apontado como corrompido, enquanto era primeiro-ministro, ou seja, entre 2005 e junho de 2011.   Amigo ganhou 200 milhões em contratos   A conversa telefónica em que Sócrates pede ao vice-presidente de Angola Manuel Vicente que receba os administradores do Grupo Lena ocorreu já em setembro de 2014 e serve, segundo o Ministério Público, apenas e só para demonstrar a proximidade de Sócrates com o grupo de Leiria.   A referida proximidade ao ex-primeiro-ministro terá rendido muitos contratos com o Estado ao grupo a que Santos Silva estava ligado, seja na Parque Escolar, nas parcerias rodoviárias ou no TGV. No total, mais de 200 milhões de euros entre 2007 e 2011. A nível internacional, rendeu pelo menos a construção de 50 mil casas na Venezuela, em 2008.   Os indícios recolhidos permitiram ao Ministério Público verificar que boa parte do dinheiro que Santos Silva fez chegar a José Sócrates tinha uma proveniência bem definida: o Grupo Lena.   «Fotocópias» seriam, afinal, dinheiro   A investigação contabilizou 40 transferências do empresário Santos Silva com destino a José Sócrates, através de intermediários. Trata-se de 672 mil euros, entre setembro de 2013 e o momento em que os arguidos foram detidos.   José Sócrates garante que todo o dinheiro recebido de Santos Silva foram empréstimos. O procurador rejeita esta tese e até diz que, se assim fosse, Sócrates não precisaria de usar nomes em código para pedir o dinheiro.   Nas conversas telefónicas, o ex-primeiro-ministro é escutado a pedir «aquilo», «fotocópias» ou «livros», nomes que o MP acredita serem, afinal, pedidos de dinheiro.   Mulher do motorista comprou quase 200 livros   Para não levantar suspeitas, a acusação diz que o antigo governante e o empresário Santos Silva escolheram 10 formas diferentes de fazer chegar o dinheiro a Sócrates.   A título de exemplo, todos os depósitos tinham de chegar a Sócrates via terceiros, fosse através do motorista do ex-primeiro-ministro, fosse através da simulação de contratos de compra e venda de casas de familiares do antigo governante, ou pela prestação de serviços.   Foi mais uma vez Santos Silva a financiar a aquisição de milhares de exemplares do livro de Sócrates. Foram 170 mil euros distribuídos por vários compradores, entre os quais está a mulher do motorista de Sócrates, que, sozinha, comprou quase 200 exemplares.   Amiga de Sócrates na Suíça recebeu mais de 92 mil euros   Na resposta ao recurso, o Ministério Público também diz que uma amiga de José Sócrates residente na Suíça recebeu mais de 92 mil euros de Santos Silva, dinheiro que a referida amiga terá feito chegar a José Sócrates pessoalmente, em Paris e em Lisboa.   O recurso da prisão preventiva está pendente no Tribunal da Relação de Lisboa.

 

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