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"Nunca concordei com a privatização da TAP e agradou-me que tenha havido reversão"

Manuel Ferreira Leite espera que os 51% do Estado na TAP sirvam para evitar alterações estratégicas, porque receia que a companhia se torne numa low cost. Do Governo, espera também que não use a lei laboral como "moeda de troca"

A antiga ministra da Economia e comentadora da TVI24 avaliou a transição anunciada na presidência executiva da TAP, com a substituição de Fernando Pinto por Antonoaldo Neves, expressando ter receios sobre a tentação dos investidores privados em tentarem alterar a prazo a estratégia da companhia.

Tenho bastate receio que sendo o acionista brasileiro mais vocacionado para as "low cost" que qualquer dia a TAP não seja uma "low cost". E acho isso absolutamente inaceitável, que haja uma grande empresa que, em vez de concorrer com as melhores empresas de aviação, vá concorrer com as piores", frisou Manuel Ferreira Leite.

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Lembrando que "pessoalmente nunca concordei com a privatização da TAP", a antiga ministra social-democrata confessou que "alguma reversão naquele processo", conseguida pelo Governo de António Costa, "não desagradou, antes me agradou". Daí que a quota nas mãos do Estado, para Ferreira Leite, obriguem o executivo a zelar pela companhia aérea.

Nesse aspeto, o Governo tem a responsabilidade e obrigatoriamnete terá de intervir em orientações estratégicas da empresa e de não permitir que haja mais uma grande empresa que desapareça", afirmou.

"Autoeuropa é muito grave"

Manuela Ferreira Leite mostrou-se ainda preocupada com a situação dos CTT e Autoeuropa, empresas que considera terem de enfrentar "problemas de gestão".

O caso da Autoeuropa é muito grave porque constitui cerca de 1,5% do PIB", lembrou a antiga ministra alertando que além da grande plataforma de construção automóvel de Palmela, há "um conjunto enorme de pequenas empresas que lhe fornecem serviços.

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Ferreira Leite acentuou ainda que "todos sabemos que foi muito difícil trazer para Portugal, não só a Autoeuropa como a construção do novo carro", para expressar o receio de que a situação possa piorar caso não haja acordo laboral na empresa.

Uma coisa que me parece certa é que, na próxima localização de outro modelo de carro, vão ser negociações duríssimas, que só podem prejudicar os milhares de trabalhadores que estão ali", afirmou.

Para a antiga ministra, também o que se passa nos CTT é um caso de "politização e utilização de sindicatos", face a um negócio que mudou, com cada vez menos "distribuição de papel de carta".

Seja pública ou privada, qualquer equipa de gestão que entre nos CTT tem de saber lidar com essas poucas cartas que ainda existem", afirmou, lembrando que se trata de uma "cotada em bolsa e que não pode deixar de apresentar resultados".

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"Nem temos visto atitudes selvagens por parte dos empresários"

"Preocupada", mostrou-se Manuela Ferreira Leite com a intenção, sobretudo do Bloco de Esquerda, de alterar a lei laboral.

Nós olhamos para os indicadores edconómicos e são bons. Sejamos apoiantes ou não do Governo, mas são bons. O emprego tem aumentado, o desempego tem diminuído, as estatísticas mostram que não tem havido grande aumento do trabalho precário. Nem temos visto atitudes selvagens por parte dos empresários", resumiu a comentadora.

Segundo a antiga ministra das Finanças, para a baixa do desemprego e o aumento das oportunidades de trabalho, "uma das causas foi a alteração da lei laboral", para a qual "ninguém vê que haja a necessidade de fazer uma alteração".

No PS não se ouviu falar sobre isto. Dá um pouco a ideia de que não está muito virado para mexer nessas matérias, mas receio que venha a ser moeda de troca, em caso de serem necessários apoios do Bloco de Esquerda e do PC", afirmou.

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