O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, num artigo de opinião publicado no jornal «Público», destaca, na agenda da cimeira, a transição de poder no Afeganistão, sem esquecer ou retirar protagonismo às relações com a Rússia, parceiro de peso na defesa anti-míssil do território da NATO.
Obama começa por falar sobre a importância da relação comercial entre Europa e Estados Unidos - «a maior relação económica do mundo»- , que permite uma nova visão e um novo conceito estratégico para a Aliança. A relação «com os nossos aliados e parceiros europeus é a pedra angular do nosso relacionamento com o mundo, e um catalisador para a colaboração global» e «não existe alguma outra região com que os Estados Unidos tenham um alinhamento tão próximo em termos de valores, interesses, capacidades e objectivos».
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Uma aliança económica e não só. No que toca à segurança também. «Somos os parceiros mais chegados um do outro. Nem a Europa, nem os Estados Unidos podem enfrentar os desafios dos nossos dias sem apoio mútuo», especialmente, para prevenção de ataques terroristas.
A saída da NATO do Afeganistão
Como primeiro ponto da agenda da cimeira da NATO em Lisboa, o presidente dos Estados Unidos dá destaque ao Afeganistão. A cimeira vai debruçar-se sobre o «início à transição para a responsabilidade afegã no início do ano que vem, e adoptar o objectivo do Presidente Karzai de as forças afegãs assumirem a liderança da segurança em todo o Afeganistão até 2014»
A NATO do século XXI
A Aliança Atlântica do século XXI passa por uma nova visão. A «NATO irá também transformar-se em Lisboa com um novo conceito estratégico», vaticina o presidente americano. «Um ataque contra um é um ataque contra todos» e, para garanti-lo, diz que «devemos fortalecer todo o conjunto de capacidades que são hoje necessárias para proteger os nossos povos e preparar as missões de amanhã». Para isso diz que «precisamos de reorganizar as estruturas de comando da Aliança para as tornar mais eficazes e eficientes».
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Ponto fundamental desta reestruturação e reorganização passa pela «defesa anti-míssil do território da NATO», ou seja, pela «fundação de uma maior colaboração - com um papel a desempenhar por todos os aliados e uma oportunidade de cooperar com a Rússia, que está também sob a ameaça de mísseis balísticos».
Nesta cimeira, cai a cruzada contra as armas nucleares. Obama não descarta, naturalmente, o desejo de «um mundo sem armas nucleares. Mas, enquanto estas armas existirem, a NATO deve permanecer uma aliança nuclear».
«A NATO vê a Rússia como um parceiro, não como um adversário»
Barack Obama deixa para o fim do artigo a relação com a Rússia, mas não lhe tira o protagonismo e a importância da presença do presidente Dmitri Medvedev em Lisboa. «A NATO vê a Rússia como um parceiro, não como um adversário». Nestes dois dias, o homem forte dos Estados Unidos exorta a retomada «na prática, e com benefícios mútuos, a cooperação entre a NATO e a Rússia». Benefícios nomeadamente a nível da defesa anti-míssil.
E dá o seu prório exemplo: «Tal como os Estados Unidos e a Rússia fizeram um reset da sua relação bilateral, a NATO e a Rússia também o podem fazer».
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