Depois de na pré-campanha terem protagonizado um momento de grande tensão, em Braga, os lesados do BES regressaram este domingo à campanha da coligação Portugal à Frente. Estavam à porta dos bombeiros do Cadaval, à espera de Passos Coelho e depois de um encontro com agricultores, o primeiro-ministro recebeu-os.
"Não podemos confiar em ninguém. Agora só os tribunais", disse desanimado Trocato, que se sentiu ofendido pela sugestão de Passos Coelho, na passada semana, para que se efetuasse uma subscrição pública para que estes clientes de papel comercial vendido aos balcões do BES recorressem aos tribunais. "Senti-me humilhado. Eu não estou a mendigar. Estou a exigir o que é meu por direito".
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Ana Clara Henriques, que também falou aos jornalistas à saída da reunião, revelou o que o primeiro-ministro afirmou no encontro: "Ele disse que está a tentar ajudar-nos, que está a fazer pressão com a CMVM e o Banco de Portugal para entrarem em acordo", mas também nos aconselhou a recorrer á justiça. "Não temos tempo, há pessoas que não têm tempo", referindo-se aos idosos que não aguentam o processo moroso da justiça e dos tribunais.
À saída, Passos não quis falar aos jornalistas sobre o que se passou na reunião: "Eu recebo toda a gente", disse apenas, seguindo depois para o carro parado à porta. Bastou descer as escadas para que apoiantes da coligação gritassem bem alto "Portugal, Portugal", tentado abafar os gritos e as vaias de uma dezena de pessoas, que esperavam à porta dos bombeiros do Cadaval.
Dali, Passos e Portas seguiram para Torres Vedras; e à chegado ao Ramalhal, para o comício, foram recebidos com novo protesto. Do outro lado da rua, meia dúzia de pessoas, empunhavam uma faixa: "We were robbed". Nuno Pereira Lopes, membro da direção da associação dos Lesados do BES, sente-se roubado. Pelo BES, pelo Banco de Portugal e pelo Governo. "O primeiro-ministro prometeu que ia resolver o nosso problema e agora diz que para irmos para tribunal?" Pereira Lopes garante que é um dos muitos ex-militantes do PSD: "Entregamos os cartões. Acreditávamos neste governo e neste primeiro-ministro e ele virou-nos as costas".
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