O PSD está preocupado com as mudanças nos órgãos de comunicação social e com o relatório da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERCS) sobre a RTP, no qual, garantem os sociais-democratas, está bem expressa a «claustrofobia democrática», «num claro favorecimento do Governo socialista».
Sem falar da entrevista que António Borges deu ao Público no passado domingo, em que o social-democrata diz ter sido prejudicado pelo ministro da Economia Manuel Pinho por ter dito que iria fazer mais oposição ao Governo [ver peça], o PSD preferiu repetir os ataques ao relatório da ERCS.
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Após três horas de debate sobre a «Qualidade da Democracia e o Exercício dos Direitos Fundamentais», numa interpelação ao Governo pedida pelo PSD, Santana Lopes e o ministro da Presidência Silva Pereira remataram a sessão plenária desta sexta-feira, com algumas trocas de mimos.
Se o PSD considera que a «democracia está em agonia» e por isso está insatisfeito, o Governo diz que «a democracia é que está insatisfeita com o PSD».
Orientação editorial favorável ao Governo
O líder parlamentar do PSD usou «factos» para demonstrar que os tempos são diferentes: «A saúde, a honra, a liberdade estão postos em causa em Portugal. As situações indesejáveis nestas áreas agravaram-se com este Governo», que tem a orientação editorial da comunicação social seu favor.
Para Santana Lopes o Executivo deve «sentir-se bem ao fim-de-semana porque as orientações editoriais da generalidade dos órgãos de comunicação social elogiam e cantam hossanas ao Governo».
Quando Santana era chamado a Belém porque mudava a direcção do DN
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«Estamos num tempo em que, desde que este governo é poder, já mudaram vários órgãos de comunicação social: Diário de Notícias, duas vezes, Jornal de Notícias, em parte, Correio da Manhã, TSF, RTP e SIC». «Que diferença com o tempo em que por mudar a direcção do Diário de Notícias, ou se falar na mudança de direcção da TSF, os membros do Governo eram chamados ao Palácio de Belém e o PS dizia que estava em causa a democracia», recordou Santana Lopes, referindo-se à época em que o social-democrata estava em S. Bento e o socialista Jorge Sampaio, em Belém. «Mas agora, estamos num tempo, em que quem questiona factos incómodos é acusado de falta de sentido de Estado».
«É um facto único e isolado os telefonemas para as redacções e direcções de jornais? A mudança das chefias? As manifestação na rua que o primeiro-ministro diz serem todas organizadas pelo PCP? O processo disciplinar a um professor que criticou o primeiro-ministro? A visita da PSP a um sindicato? Talvez. Mas são factos «isolados» a mais e levam-nos a estar preocupados com a democracia».
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«A democracia é que está insatisfeita com o PSD»
Se o ministro Augusto Santos Silva tinha respondido ao deputado do PSD Montalvão Machado, que afirmou ver «a democracia em agonia», que «em agonia» está «a liderança bicéfala do PSD», também Silva Pereira aproveitou a fórmula e rebateu os argumentos: «O PSD está insatisfeito com a democracia? A democracia é que está insatisfeita com o PSD. E isso vê-se nas últimas eleições e nas sondagens».
«O PSD perdeu também, definitivamente, a mais elementar noção do ridículo», disse o ministro da Presidência, considerando que o PSD «sustenta a tese absurda» sobre «um Portugal que terá passado da claustrofobia à agonia, como se fosse um país amordaçado, um país de jornalistas e comentadores condicionados, paralisados e perseguidos pelo medo».
«Só quem se recusa a ver o que tem acontecido nas ruas é que pode acreditar nessa extraordinária fantasia de que Portugal é um país de manifestantes perseguidos», garantiu Silva Pereira, frisando que a democracia tem sido reforçada com este Governo.
E o leitor? O que acha da nossa democracia
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