Um país com um Governo que remeteu à população, com o aumento de impostos, a factura da crise é o diagnóstico traçado pela oposição parlamentar ao Estado da Nação, que se discute na quinta feira na Assembleia da República.
Para o PSD, «a actual crise representa a factura das fantasias e da irresponsabilidades socialistas», que fizeram de Portugal um «país mais injusto, mais desigual e com menos oportunidades», de acordo com uma declaração escrita do líder parlamentar social democrata, Miguel Macedo, enviada à Lusa.
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Segundo Miguel Macedo, «os portugueses pagam cada vez mais impostos e sentem que o Estado se mostra cada vez mais incapaz de prestar serviços às populações», dando como exemplos a saúde, «cada vez mais cara e distante das populações», e a educação, «onde reina o regabofe facilitista».
«PMEs pagam a factura mais alta»
No diagnóstico feito pelo CDS-PP ao Estado da Nação, o líder parlamentar, Pedro Mota Soares, encontra um país em crise em que quem tem sido chamado a pagar a «factura mais elevada do ponto de vista económico» têm sido as pequenas e médias empresas e a classe média, que são, frisou, cruciais para Portugal «prosperar».
Os democratas cristãos insistirão que as medidas de austeridade «agravam a carga fiscal, com um efeito recessivo sobre a economia», mas Pedro Mota Soares aponta também para trás e sublinha que «em pouco mais de seis meses, desde as eleições, o primeiro ministro desdisse-se relativamente a todos os aspectos que eram essenciais», nomeadamente impostos, défice e obras públicas.
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«Um grande desânimo na população»
O líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda, José Manuel Pureza, vê «um estado de grande desânimo por parte da generalidade da população, a quem foi feito um diagnóstico aquando das eleições, que se provou ser um diagnóstico falso, desde logo em relação ao valor do défice».
A «factura» desse erro de diagnóstico «tem vindo a ser paga ao longo dos meses, por uma coisa chamada PEC», afirmou, que «deixou de ser um documento e passou a ser um processo em curso em contínuo», com José Sócrates e Passos Coelho a acrescentarem «mais medidas de austeridade àquelas que tinham dito que eram definitivas e as únicas».
Crise devido às «políticas seguidas nos últimos anos»
O líder da bancada parlamentar do PCP, Bernardino Soares, olha para «um país que está a atravessar uma profunda crise económica e social», que «no fundamental» não se deve à crise internacional, mas às «políticas seguidas nos últimos anos», que «sucessivamente destroem a produção nacional e degradam o aparelho produtivo, cortam sistematicamente no investimento público, degradam o consumo interno através da manutenção de baixos salários e de baixas reformas».
«Estamos a construir um país que tem dificuldades em ter desenvolvimento e crescimento económico e que acrescenta a isso uma grande desigualdade social, que é crescente e que bem se verifica na contradição entre as cada vez mais pequenas e limitadas prestações sociais e os lucros cada vez maiores dos grandes grupos económicos e do sector financeiro em particular», sustentou.
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