O líder do PSD considerou que o país vai pagar "um preço elevadíssimo" pela emissão obrigacionista de hoje da Caixa Geral de Depósitos (CGD), e acusou o primeiro-ministro de querer "passar a culpa" para o anterior Governo.
Numa conferência sobre Cultura e Património, organizada pelo grupo parlamentar do PSD, Pedro Passos Coelho aproveitou para se referir à emigração obrigacionista de hoje do banco público.
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O que é intolerável é que o primeiro-ministro entenda dizer que este preço que vamos pagar, que é elevadíssimo, resulta, imaginem, do governo anterior ter iludido os problemas da banca", criticou Passos Coelho.
O líder do PSD acusou António Costa de querer "passar a culpa" para o executivo PSD/CDS que chefiou e concretizou: "É dele a decisão de fazer uma emissão obrigacionista perpétua em que vai pagar quase 11% de juros para que isto não tenha impacto no défice e para que o Governo possa dizer que a operação foi um sucesso, mas a culpa tem de ser minha, não é dele, que tomou a decisão".
Passos Coelho salientou que não coloca em causa a importância da recapitalização da CGD nem que esta operação deva ser feita sem ter impacto no défice, mas considerou que a emissão de hoje não pode ser considerada um sucesso, tendo em conta que o Estado e os contribuintes nunca verão a Caixa devolver 11% em lucros.
Mas os fundos que financiaram a emissão de obrigações feita hoje vão receber sempre quase 11% de juros sobre o dinheiro que vão emprestar", alertou, dizendo que "fazer sucessos à custa do dinheiro dos outros é fácil".
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A Caixa Geral de Depósitos (CGD) emitiu hoje 500 milhões de euros de dívida perpétua junto de investidores institucionais, a uma taxa de juro de 10,75%, segundo fontes ligadas ao processo citadas pela agência Bloomberg.
Em comunicado ao mercado, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) dá conta que o lançamento da emissão ocorreu hoje, pelas 9:00, tinha um intervalo inicial de preço anunciado, entre os 11 e os 11,5%, e que tinha "em consideração os referenciais recebidos nos contactos com os investidores.
O primeiro-ministro, António Costa, tinha afirmado hoje de manhã que Portugal está a pagar "uma fatura pesada" por ter adiado a resolução dos problemas do setor financeiro e considerado que ultrapassar esta questão é essencial para o financiamento da economia.
"É uma atitude que não prestigia aqueles que a tomam e os que exercem a política desta maneira", respondeu Passos Coelho, dizendo que esta atitude do primeiro-ministro se estende a outras áreas da governação, como a cultura ou a saúde.
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Prometendo voltar a falar da Caixa ainda hoje - dia em que o PSD tem um Conselho Nacional - Passos salientou que a CGD "é um banco público e foi um banco público durante todo o tempo em que PSD e CDS estiveram no Governo", dizendo que o anterior executivo "fez muito pela saúde financeira" da Caixa, nomeadamente criando provisões para muitos "créditos mal atribuídos" no passado.
CDS aponta juros altos e rendas para “fundos abutres”Virem aqueles que mandaram ou que foram cúmplices da atribuição desses maus créditos responsabilizar o governo que chefiei por não ter limpo a porcaria toda que eles fizeram e dizer que por isso é que vão passar a pagar 11% aos financiadores da Caixa para futuro é a total falta de vergonha", acusou.
O porta-voz do CDS-PP, João Almeida, criticou hoje a emissão de dívida obrigacionista da Caixa Geral de Depósitos (CGD), argumentando que mostra que a recapitalização já custa aos portugueses, com juros superiores e rendas a "fundos abutres".
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"Esta emissão é muito pior do que aquela que foi feita pelo Governo anterior, é incoerente com tudo aquilo que os partidos que suportam este Governo sempre disseram e prova que o plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos foi vendido como grande sucesso mas, pouco tempo depois da sua aprovação em Bruxelas, já começa a custar muito aos portugueses", afirmou João Almeida aos jornalistas no parlamento.
O porta-voz centrista considerou que esta emissão vai "agravar os resultados da Caixa Geral de Depósitos, vai reduzir a receita do Estado e vai dar rendas a fundos privados internacionais, coisa que não acontecia no passado com a Caixa".
"Se no passado os juros que foram pagos pela CGD foram pagos ao Estado, portanto, reverteram para os contribuintes portugueses, agora são pagos a investidores internacionais privados e, portanto, o juro não só é mais alto, como é pago a privados e sai do universo do Estado", sustentou.
João Almeida insistiu na ideia do investimento por "fundos abutres": "Este Governo e esta maioria são o Governo e a maioria que trazem os fundos abutres. Onde estão PCP e BE para denunciar a entrada de fundos abutres na Caixa Geral de Depósitos?".
"Onde estão os deputados para denunciar que a Caixa Geral de Depósitos fez esta emissão na praça do Luxemburgo?", questionou ainda João Almeida.
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