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O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, negou esta sexta-feira que o Governo tenha pressa na conclusão do processo de venda do Novo Banco e que esteja a influenciar a decisão, e manifestou confiança no Banco de Portugal.
"Nós não temos pressa nenhuma nem estamos a influenciar esta decisão, e eu reafirmo a confiança que tenho no governador do Banco de Portugal e no Banco de Portugal para conduzirem a operação", afirmou o chefe do executivo PSD/CDS-PP.
Depois, sustentou que se fosse o Bloco de Esquerda a decidir teria havido mais uma nacionalização, como se fez com o Banco Português de Negócios (BPN), e que isso é que teria pesados custos para os contribuintes.
A porta-voz do Bloco aproveitou a referência ao BPN para lembrar que o atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, esteve ligado ao universo desse grupo financeiro, assim como o antigo dirigente do PSD Dias Loureiro, criticando Passos Coelho por o ter elogiado há alguns meses.
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Ainda quanto à venda do Novo Banco, Passos Coelho queixou-se de "ser preso por ter cão e ser preso por não ter", referindo que na comunicação social tanto aparece "a versão de que o Governo tem pressa e, portanto, quer concluir este negócio rapidamente antes das eleições", como "a versão oposta", que atribuiu também a Catarina Martins.
Para além de insistir que a solução adotada para o Banco Espírito Santo (BES), que passou pela criação do Novo Banco, vai ter custos para os contribuintes, Catarina Martins afirmou ser falsa a demarcação que o Governo faz em relação ao processo, referindo que o fundo de resolução que foi constituído tem membros designados pelo executivo.
O primeiro-ministro contrapôs que "há uma diferença entre ter um representante no fundo de resolução ou ser autoridade de resolução".
Pensões: Catarina pede números, Passos fala em tetosNo frente a frente na RTP Informação - o que Catarina Martins lamentou, e Passos Coelho disse também preferir que a transmissão fosse em canal aberto - que durou cerca de uma hora, o presidente do PSD afirmou que a sua proposta de plafonamento implica limites aos descontos e às pensões a receber, só para "novos contratos", e para "pensões mais elevadas, nunca com certeza a pensões abaixo de 2500 ou 3000 euros".
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"Isso significa dizer: olhe, o senhor não pode receber uma pensão da Segurança Social superior a 2500 euros, 3000 euros, enfim, o valor que se vier a fixar, e nessa medida não fará descontos superiores a um determinado montante, dado que não vai receber mais do que isso. É a nossa proposta. Mas, em compensação, tem de descontar ou para um fundo de pensão, ou para uma mútua, ou para a própria Segurança Social, se quiser", expôs.
Citando o livro que Passos Coelho publicou em 2010, "Mudar", e uma proposta de plafonamento do PSD apresentada em 2007, Catarina Martins insistiu para que o primeiro-ministro dissesse "qual é o tamanho do buraco" que a diminuição de descontos para a Segurança Social vai provocar "e como é que o vai pagar", alegando que, no passado, a sua ideia era a emissão de dívida pública.
"Não estamos em condições como em 2007 de dívida pública para avançar para uma solução desse tipo", retorquiu Passos Coelho. "E em 2007 estávamos?", interrogou a porta-voz do BE. "Vamos fazê-lo através de não aumentar qualquer risco de dívida pública para o país, pelo contrário", assegurou o presidente do PSD.
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No final, a porta-voz do BE, concluiu: "Não nos diz nada da aventura que propõe aos portugueses".
O presidente do PSD utilizou a mesma palavra, "aventura", para qualificar o projeto político do Bloco de Esquerda, que associou ao Governo grego do Syriza, contestando em particular a defesa de uma reestruturação da dívida: "Fiz tudo o que está ao meu alcance para impedir que isso pudesse acontecer. É incompatível com a nossa presença no euro".
Sobre a situação grega, a porta-voz do BE apontou o Governo PSD/CDS-PP como um dos aliados da chanceler alemã, Angela Merkel, que procuraram "esmagar qualquer possível alternativa na Grécia para fins eleitorais nos seus próprios países", e demarcou-se das atuais políticas do Syriza.
"O programa que hoje está a ser imposto à Grécia é um programa mau para a Grécia, mau para a Europa, mas não é o nosso programa. É o seu programa", disse para Passos Coelho.
"Portanto, o programa que foi negociado pelo Governo do Syriza já não é o programa do Bloco de Esquerda, porque o BE não está no Governo, felizmente", observou o presidente do PSD.
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