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O primeiro-ministro não concorda com as afirmações de Jean-Claude Juncker, que considerou que a troika «pecou contra a dignidade» de portugueses, gregos e irlandeses. Durante o debate quinzenal desta sexta-feira, Passos Coelho garantiu que essa dignidade «nunca esteve em causa» durante o programa.
«A dignidade de Portugal nunca esteve em causa durante o processo de ajustamento. Disse-o diretamente ao presidente da Comissão Europeia. Nunca teríamos permitido que a dignidade dos portugueses fosse atingida».
«Ninguém o quis disfarçar. Houve sempre várias divergências. Recordo o que o ex-ministro Vítor Gaspar disse aqui no Parlamento sobre as declarações da diretora do FMI: que foram reveladoras da hipocrisia institucional que reinava em algumas instituições da troika».
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PS acusa Maria Luís de ser a «porta-voz» de Schauble
A reação do Governo às palavras de Juncker foi bastante criticada pelo PS, que, na voz do líder parlamentar Ferro Rodrigues, acusou o primeiro-ministro de não se ter colocado «do lado certo do debate» e ter-se juntado aos «falcões do Eurogrupo, do Econfin e do Conselho Europeu».
«Como diziam os meus avós: fique sabendo que a dignidade de Portugal e dos portugueses foi posta em causa nos últimos anos e o primeiro-ministro colaborou ativamente para isso».
«Não ficou envergonhado que tivesse de ser Juncker a dizer que a dignidade dos portugueses foi afetada? (…) Acha que os portugueses apoiam as afirmações do senhor Juncker ou do ministro Marques Guedes? Acha que os portugueses preferem as posições do Governo português ou as do povo da Grécia?»
Passos defende BCE e até FMI fora da troika«Se a dignidade num plano nacional pode ser atingida pela troika, não é com certeza por quem cumpre o que ficou contratado, é por quem teve de a chamar por não estar em condição de solver as responsabilidades».
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Numa perspetiva de tirar «lições para o futuro» dos programas de resgate, Passos Coelho defendeu a criação de um Fundo Monetário Europeu e a saída do Banco Central Europeu da troika, garantindo que já transmitiu as suas propostas à Europa.
«Ainda no último Conselho Europeu tive a oportunidade de dizer que era importante que pudesse ser criado o Fundo Monetário Europeu que viesse a absorver o Mecanismo Europeu de Estabilidade. Há efetivamente um conflito de interesses no BCE, que não pode estar a desenvolver programas que podem envolver a compra de dívida soberana de um determinado país e estar ao mesmo tempo sentado à mesa das negociações com esse país a estabelecer as condições de emissão da própria dívida».
«Desse ponto de vista, o funcionamento de um Fundo Monetário Europeu traz todas as vantagens porque ele poderia ser acionado em instâncias do Eurogrupo ou do Ecofin, que são entidades políticas que reúnem ministros das finanças, representantes de governos eleitos».
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Maioria PSD-CDS critica a «boleia» da oposição às palavras de Juncker e da Grécia
Já o líder da bancada do PSD, Luís Montenegro, que iniciou o debate, tinha criticado o «descaramento» e a «falta de vergonha» da oposição, sobretudo do PS, por aproveitar estas declarações de Juncker e a situação grega para criticar o Governo.
«Recordo os falhanços do PS e da oposição para pôr a nu a pobreza, o pouco valor dos argumentos e a narrativa da oposição. Seja à boleia da Grécia, dos relatórios do FMI ou da declaração de Juncker, querem demonstrar o indemonstrável: que a estratégia do Governo falhou».
Também o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, recusou qualquer comparação com a situação grega, como pretende a oposição.
«Comparar Portugal com a Grécia não é só um erro do ponto de vista factual, é desrespeitar os esforços dos portugueses e é, acima de tudo, perigoso, pois estar a colocar interesses partidários acima do nacional é criar uma situação de incerteza, contágio e crise».
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