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Couço, comunista desde sempre

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Jerónimo de Sousa visitou esta quarta-feira uma freguesia carregada de histórias de luta contra a ditadura e de presos políticos

Jerónimo de Sousa almoçou, esta quarta-feira, na freguesia do Couço, concelho de Coruche. O Couço é um dos redutos comunistas na região do Alto Alentejo e Ribatejo. Uma freguesia, governada pelo PCP desde o 25 de Abril, cheia de histórias de luta contra o fascismo e contra a ditadura, cheia de exemplos de presos políticos por pertencerem «ao partido».

«Os filhos e os netos continuam agora as lutas dos pais», revela Luís Alberto Ferreira, actual presidente de Junta e candidato a um segundo mandato, em declarações ao tvi24.pt.

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«Bateram-me e fizeram-me a tortura do sono»

Entre a população de cerca de 3500 habitantes, não é difícil encontrar quem tenha sido preso pela PIDE ou mulheres que tenham sido obrigadas a criar os filhos sozinhas, por terem os maridos presos. A própria cozinheira do almoço que Jerónimo degustou teve o marido «preso em Lisboa».

Aproveitar os recursos da terra

Jerónimo deu como exemplo da luta e da capacidade de dar a volta por cima o prato servido ao almoço: cozido à moda do Couço. Feito à base de legumes e grão-de-bico, com pão alentejano ensopado, o cozido aproveita os recursos que a terra dá. Algo que foi importante, numa altura em que pouco havia para comer. «Felizmente, hoje tivemos carne com abundância», felicitou-se Jerónimo no discurso de fim de almoço.

«Sempre que havia uma vaga repressiva da polícia política, esta terra era profundamente castigada, com dezenas de prisões, de tortura, de agressão. Nem que fosse pela simples leitura do avante clandestino, era-se castigado», recordou Jerónimo de Sousa aos jornalistas.

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Sempre comunista

Luís Alberto Ferreira, na casa dos 40 anos, está convencido que voltará a ser eleito, pela CDU, como presidente de Junta, já a 11 de Outubro. Quando o identificamos como o «actual presidente de Junta», ele corrige: «o próximo presidente de Junta».

Aqui nem é preciso fazer sondagens. O apoio expresso da população fala por si. Luís Firmino, 80 anos, um daqueles presos políticos, diz que o partido já teve mais de mil militantes inscritos na terra. Agora, «os mais velhos foram morrendo», mas, ainda assim, Luís Firmino calcula que mais de dez por cento da população do Couço esteja inscrita no Partido Comunista Português. A verdade é que a sala da Casa do Povo do Couço foi pequena para receber tantos apoiantes, esta quarta-feira, e teve de se improvisar várias mesas na rua, para acolher as centenas de pessoas.

A freguesia do Couço nunca conheceu outro partido no poder autárquico. E, apesar da «discriminação» de que acusam a câmara de Coruche (PS), promete continuar assim. Na lista para a Assembleia de Freguesia das eleições autárquicas, está o mais novo candidato, com apenas 18 anos , e o mais velho, com 80 «acabados de fazer».

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