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Angola, as razões do fim da «parceria estratégica»

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Novo editorial justifica razões de José Eduardo dos Santos. Angolanos criticam o facto de portugueses investigados não serem «falados»

O Jornal de Angola voltou a publicar um editorial dedicado a Portugal. O clima de crispação política e diplomática entre os dois países justificou o rompimento da «parceria estratégica» anunciado pelo próprio Presidente angolano. As razões estão nas «violações e atrasos» da justiça portuguesa e no caso Rui Machete.

No editorial desta quarta-feira, o jornal, único diário angolano lembra: «Para muitas organizações ocidentais, um africano rico só pode ser corrupto». O país que se orgulha de estar aumentar o PIB justifica a sua posição atual no mundo. «Angola tem os seus ricos e todos esperamos que haja cada vez mais. Os fomentadores do sistema exigiram que Angola aderisse à economia de mercado. Aí está ela. Mas quem fez essa exigência tinha uma ideia: dominarem eles o mercado angolano e mandarem na nossa economia. Enganaram-se redondamente. Os angolanos comandam a economia e dominam o mercado».

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O editorial chega às críticas a Portugal fazendo referência aos milhões de lucro que saem do país. « Os representantes dos grandes interesses internacionais não querem a concorrência dos empresários angolanos, mas têm que ter paciência. Ela existe, está sempre presente. No desespero, aqueles que levam de Angola milhares de milhões de lucros todos os anos, mandam também os seus agentes lançar calúnias contra altas figuras do Estado», acusa.

«O Presidente José Eduardo dos Santos não hesitou: e anunciou que é preciso ponderar a cooperação estratégica com Portugal, país onde são cozinhadas todas as campanhas contra a honra e o bom-nome de altas figuras do Estado. Os portugueses reconhecem que é impossível impedir o Ministério Público de violar gravemente o Segredo de Justiça. Se num país democrático, num Estado de Direito, os criminosos são impunes e podem caluniar e desonrar altas figuras do Estado Angolano, então não há condições para prosseguir uma parceria estratégica. Se em Portugal titulares do Poder Judicial podem violar o Segredo de Justiça para desonrar os nossos legítimos representantes, à boa maneira colonialista, então o melhor é os responsáveis políticos assumirem com coragem que Portugal não tem condições para se relacionar, de igual para igual, com Angola», escreve o jornal.

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As críticas angolanas centram-se sobretudo na justiça portuguesa: as violações do segredo e a morosidade. Segundo o Diário de Notícias desta quarta-feira, as razões do mau estar angolano estão, por um lado, no facto de só terem sido conhecidos os nomes dos 13 angolanos em investigação pela justiça portuguesa e não os nomes dos 26 portugueses que foram também denunciados pelo embaixador angolano na lista que entregou às autoridades. Dos portugueses fazem parte empresários, desde banqueiros a gestores de topo, em áreas como energia, banca, advocacia e construção civil que têm mantido relações de proximidade com Angola, escreve o jornal.

Por outro lado a crispação angolana que levou a ruptura da cooperação estratégica, encontra as suas razões na morosidade da justiça portuguesa em resolver o caso. Fonte diplomática angolana, citada pelo DN, explica: «Foram prestados todos os esclarecimentos e mais alguns, só que, aparentemente, o Ministério Público está à espera de investigar toda a gente para arquivar ou acusar», disse, salientando, que «só se fala nos angolanos» e que «enquanto não há decisão», os governantes angolanos já foram condenados publicamente».

A «gota de água» a entornar as relações entre os dois países, segundo o DN, terá sido o caso Machete. As «desculpas diplomáticas» transformadas em «expressão infeliz» por Passos Coelho não agradaram a Angola e o desmentido do MNE por parte da PGR, Joana Marques Vidal, quebraram o efeito das «desculpas», uma vez que afinal o ministro não saberia, ou terá faltado à verdade, quando alegou que os processos em investigação «não tinham nada de relevo».

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