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Sampaio defende mutualização da dívida

«Deveríamos fomentar ativamente o desenvolvimento de uma estratégia negocial, conjunta com outros países», considera antigo Presidente da República

Portugal deveria, com outros países, negociar uma mutualização parcial da dívida por parte da União Europeia, defendeu esta quarta-feira o antigo Presidente da República Jorge Sampaio.

«É minha convicção de que deveríamos fomentar ativamente o desenvolvimento de uma estratégia negocial, conjunta com outros países, destinada a forçar o tratamento futuro do stock da dívida externa, contraída nas condições excecionais do período pós-2009, por forma a que levasse à mutualização parcial da dívida por parte da União Europeia», declarou o antigo chefe de Estado.

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Jorge Sampaio, que falava no Grémio Literário, em Lisboa, defendeu também uma reforma dos partidos políticos, sem exceção, de forma a que se «reconciliem» com os cidadãos, lembrando que nas eleições há uma abstenção crescente e afirmando que «os partidos se arriscam a representar uma espécie de vácuo».

No entender do antigo Presidente, a «sociedade política» precisa de se abrir a muitas mais pessoas, que estão interessadas em intervir, e os partidos precisam de «uma abertura que os reconcilie com a vida dos cidadãos», porque cada vez há mais pessoas que não se interessam por manifestar opinião.

E o debate sobre esta matéria tem de ser, avisou, «sem crispação».

Falando sobre o tema «Portugal: que Estado, que Sociedade, que Soberania?», Jorge Sampaio argumentou que o país precisa de uma «visão estratégica» sobre o futuro, que renove a confiança das pessoas nelas próprias, e a necessidade de fomentar debates públicos sobre esse futuro.

Depois acrescentou que, embora tivesse sido correta a aposta na integração europeia, o país não esteve «suficientemente atento» à evolução do projecto europeu e aos choques externos, «que afetaram por completo as condições de crescimento e de internacionalização da economia portuguesa».

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«No mundo globalizado e em rede que caracteriza o nosso tempo não há soluções solitárias nem isolamentos possíveis», pelo que «o objetivo central da política externa portuguesa deverá continuar a ser a integração de Portugal no projecto europeu», reforçado com outras parcerias, disse.

Lembrando notícias «preocupantes» sobre desemprego, pobreza, exclusão social e emigração, o antigo Presidente avisou que o país «não é viável» sem um conjunto de reformas estruturais, mas recordou o 25 de Abril para dizer que houve progressos assinaláveis nos últimos 40 anos.

E deixou ainda outro alerta para as ameaças à coesão social, nomeadamente pela «persistência» num «modelo de desenvolvimento desfasado das exigências da nova economia», associado a um padrão de distribuição de riqueza «inigualitário» e assimétrico.

Jorge Sampaio foi o orador convidado de um ciclo de jantares-debate promovido pelo Clube Português de Imprensa, pelo Centro Nacional de Cultura e pelo Grémio Literário. O objectivo da iniciativa é juntar personalidades relevantes da sociedade para reflectir sobre a situação que Portugal vive: sob assistência financeira internacional e sujeito a uma austeridade severa.

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