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Soares e Sampaio só deram posse a "quem ganhou as eleições"

Vice-presidente do PSD, José Matos Correia, lembra dois casos em que os dois ex-Presidentes da República se recusaram a dar posse a Governos que não envolvessem o partido que ganhou as eleições

Em conferência de imprensa, na sede nacional do PSD, em Lisboa, José Matos Correia acrescentou: "E recordo também a situação ocorrida em 1996 nas eleições para a Assembleia Legislativa Regional dos Açores, em que o então Presidente da República, Jorge Sampaio, deixou claro que só nomearia um partido de quem ganhasse as eleições, recusando qualquer outra solução". Antes, José Matos Correia referiu que, com os resultados da emigração, houve um "reforço da vitória da coligação Portugal à Frente", que elegeu 107 deputados - 89 do PSD e 18 do CDS-PP - enquanto o PS "tem apenas 86". Interrogado sobre quem deve governar caso se verifique que um Governo PSD/CDS-PP é inviável, Matos Correia escusou-se a responder.

O social-democrata José Matos Correia recordou esta sexta-feira decisões dos anteriores presidentes da República socialistas Mário Soares e Jorge Sampaio para defender que só quem vence pode formar Governo e pediu ao PS coerência com a sua história.

"Recordo, por exemplo, a circunstância ocorrida em 1985, quando, perante a queda na Assembleia da República de um Governo minoritário do PSD, o então Presidente da República, doutor Mário Soares, recusou a formação de um Governo constituído pelo PS e pelo então PRD com o apoio parlamentar do PCP", apontou o dirigente social-democrata.

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O vice-presidente do PSD afirmou que nunca na "vida constitucional" portuguesa "um Governo foi formado sem que essa responsabilidade tenha sido entregue a quem ganhou as eleições" e defendeu que "esse tipo de práticas que sempre foram seguidas devem ser mantidas".

Numa alusão ao PS, observou: "Queremos que os outros sejam coerentes com a sua história política e com as suas declarações políticas".

Com estes resultados, PSD e CDS-PP têm "a expectativa legítima" de serem chamados pelo Presidente da República a formar Governo, declarou.

"Quem ganhou as eleições, aqueles a quem os portugueses entregaram essa responsabilidade devem ser chamados a formar Governo", reiterou.

"Em primeiro lugar, não sou analista político, não me compete fazer esse género de análise. E, em segundo lugar, sou extremamente respeitador das funções e competências do Presidente da República. Não trabalho com cenários", justificou.

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O social-democrata repetiu que "há uma regra nunca quebrada na democracia no sentido de que quem deve ser chamado a formar Governo é quem ganhou as eleições", e recorreu também a uma declaração da porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins.

Matos Correia lembrou a seguinte afirmação de Catarina Martins, feita a 19 de setembro: "Eu acho que nós não precisamos de inventar muito. Temos 40 anos de democracia, temos uma Constituição que é clara. O Presidente chamará o partido que tiver a maior bancada parlamentar para formar um Governo. Eu não percebo muito bem porque há todo esse debate".

Questionado sobre as conversações com o PS, o social-democrata reiterou que PSD e CDS-PP não estão "disponíveis para um exercício do faz de conta", mas estão "tranquilamente à espera" da resposta escrita dos socialistas às suas propostas, que ainda "não foi cumprida", passadas "quase 72 horas" da última reunião.

Nesta conferência de imprensa, Matos Correia salientou a iniciativa de PSD e CDS-PP realizarem "uma ronda com os parceiros sociais", entre hoje e a próxima sexta-feira, mas foi vago quanto ao objetivo desses contactos.

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O vice-presidente do PSD limitou-se a declarar que a expectativa é que "sejam de alguma forma um contributo positivo para esta nova realidade" e que "é importante manter este diálogo permanente com os parceiros sociais".

Todos compreenderão que "só o novo Governo" entregue projeto orçamental

O vice-presidente do PSD defendeu, ainda, que todos compreenderão que só o novo Governo deve entreguar em Bruxelas o projeto orçamental português, e considerou que a Comissão Europeia está a fazer o seu papel, assim como o executivo PSD/CDS-PP.

"Eu julgo que a Comissão Europeia, guardiã dos tratados de acordo com as regras comunitárias, faz aquilo que é seu papel, e o Governo faz aquilo que também é o seu papel", declarou o vice-presidente do PSD José Matos Correia, depois de questionado sobre a insistência da Comissão Europeia na entrega por parte do executivo cessante português de um projeto orçamental em Bruxelas, que deveria ter sido feita até esta quinta-feira, 15 de outubro.

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Matos Correia acrescentou: "Eu julgo que toda a gente compreenderá que, face à circunstância política que se vive em Portugal, só o novo Governo terá condições para cumprir essa obrigação. Portanto, nós não vemos nenhuma razão para alterar a orientação estabelecida ontem [quinta-feira] pelo presidente do partido".

Portugal foi o primeiro país a não apresentar atempadamente em Bruxelas o projeto orçamental desde que entrou em vigor o duplo pacote legislativo de reforço da supervisão orçamental na área do euro, indicou hoje a porta-voz dos Assuntos Económicos, durante a conferência de imprensa diária da Comissão Europeia.

Annika Breidthardt realçou que a insistência no cumprimento do calendário não decorre de "a Comissão ser burocrática", mas da necessidade de ter "dados comparáveis para poder determinar as tendências orçamentais subjacentes, estabelecer a situação orçamental na zona euro como um todo, e assegurar igualdade de tratamento para todos".

A porta-voz acrescentou, todavia, que Bruxelas está "em contacto próximo" com as autoridades portuguesas "para resolver o assunto".

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"Sempre encontrámos soluções práticas no passado", referiu a porta-voz, reiterando a possibilidade prevista na legislação comunitária de um Governo que não está no uso pleno dos seus poderes orçamentais submeter apenas um plano orçamental baseado num cenário de políticas inalteradas, a ser atualizado e completado pelo novo executivo assim que entre em funções.

É nesse sentido que, um dia depois de expirado o prazo-limite para os países do euro entregarem os planos orçamentais para 2016, e de Portugal ter sido o único a não fazê-lo (Chipre e Grécia não apresentaram, mas por estarem sob programa, e como tal não terem de o fazer), a Comissão Europeia instou hoje as autoridades portuguesas a apresentarem "sem mais demoras" um projeto provisório, a ser atualizado pelo Governo que for formado.

O Governo português decidiu não apresentar qualquer documento até à data de 15 de outubro, por considerar que, em função das eleições legislativas de 04 de outubro, deve caber ao futuro executivo essa tarefa, como confirmou na passada segunda-feira o Ministério das Finanças, e reafirmou na quinta-feira o primeiro-ministro em exercício.

 

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