Em entrevista à SIC, o primeirio-ministro reconheceu que o cenário de recessão é cada vez mais provável, e, precisamente por isso, «porque é melhor para o País», pediu uma nova maioria absoluta para governar.
José Sócrates recusou falar sobre eventuais coligações ou acordos pós-eleitorais, porque, explicou, o objectivo que persegue é mesmo a maioria absoluta: «Acho que é muito importante os portugueses perceberem que a estabilidade governativa» é essencial nesta altura, que classificou como «uma crise global e gravíssima».
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José Sócrates insistiu também que não existe qualquer falta de lealdade na relação com o presidente da República devido à polémica com o Estatuto Político Administrativo dos Açores. Sublinhou que se trata apenas de uma divergência de opiniões e que, aliás, não foi a primeira divergência que teve com Cavaco Silva. E deu alguns exemplo: aborto, questão da paridade e lei do divórcio.
«Não desejámos afrontar ninguém. É uma interpretação diferente da lei», insistiu Sócrates. O primeiro-ministro diz mesmo que acha que ambos «têm bem consciência» dos seus «deveres de cooperação institucional para bem do País». E se o Tribunal Constitucional decidir que o Estatuto dos Açores é inconstitucional? A esta pergunta Sócrates deu uma das pouquíssimas respostas directas de toda a entrevista: «Retira-se aquele artigo imediatamente».
Avaliação de professores vai continuar
Sobre o tema da avaliação dos professores, José Sócrates limitou-se quase a repetir tudo o que já disse antes, insistindo que o «processo vai continuar, em benefício do sistema educativo». De novo, apenas o facto de ter reconhecido que foram cometidos alguns erros, para logo depois salientar os pontos em que o Governo não errou: «Não desistir da avaliação e não disfarçar o problema».
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Nem o tema Manuel Alegre fez com que Sócrates fugisse uma linha do que tem mentalmente estruturado dizer: «Tenho respeito e consideração por Manuel Alegre, pelo que representa na política portuguesa, na história do PS e na vida intelectual portuguesa».
Reconheceu divergências políticas com Alegre, mas garante que isso não o impede de «promover a unidade do PS com toda a diversidade de pontos de vista e sensibilidades».
Ajuda aos bancos
Em relação à nacionalização do BPN e o pacote de ajuda financeira para ajudar o Banco Privado Português (BPP) , Sócrates explicou que o princípio-base é salvar os depósitos dos portugueses e não todos os bancos que estejam em dificuldades. Leia aqui mais sobre as declarações do primeiro-ministro relativas à crise financeira que afectou os bancos.
O primeiro-ministro salientou ainda que o Governo vai salvar as empresas «que puder». Principalmente as que são «saudáveis e competitivas.
No final, já depois de ter mostrado simpatia pela junção de dois actos eleitorais - Europeias e Legistativas - em Junho, deixou uma mensagem aos partidos da oposição: «É altura para todos dizermos o que podemos fazer. o bota-abaixo não é o que os portugueses esperam nesta altura».
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