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SNS passa por «tempos difíceis»

«O que está em jogo é a manutenção de um SNS universal, geral e tendencialmente gratuito», afirmou Jorge Sampaio

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) «passa por tempos difíceis», disse na sexta-feira à noite, no Porto, o antigo Presidente da República Jorge Sampaio na sessão final do ciclo Grandes Debates do Regime promovido pela autarquia portuense.

«O que está em jogo é a manutenção de um SNS universal, geral e tendencialmente gratuito», reforçou.

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Numa intervenção intitulada «Portugal, a crise e o futuro da democracia», Jorge Sampaio dedicou alguma atenção à saúde e considerou haver sobre este setor «um relativo consenso nacional» no sentido de «um SNS com financiamento assegurado basicamente por impostos».

A política diplomática também esteve presente nas suas reflexões, para defender que a segunda crise «demonstrou, de forma dramática, a importância da dimensão externa e, como o isolacionismo não é uma alternativa válida, Portugal tem de se empenhar mais nas questões decisivas da política europeia e internacional».

Sampaio exprimiu a sua «perplexidade» face à «surpreendente fragilidade dos laços de solidariedade internacional e dos mecanismos de regulação económico-financeira de espaços», como o da União Europeia.

«Esta não é uma crise com as outras porque nada será como dantes, porque para contra-parafrasear um autor de que muito gosto - Tomasi Lampedusa, - não será mais possível tudo ficar como dantes, por muito que se mude muito», disse também.

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«A crise económica e financeira é tanto uma crise portuguesa como uma crise europeia. Não tinham razão os que consideravam que as nossas dificuldades eram essencialmente resultado dos problemas internos ou que a crise das dívidas soberanas eram uma crise das periferias», acrescentou.

Para Sampaio, «o cumprimento do programa de ajustamento e os sacrifícios exigidos aos portugueses são necessários para evitar riscos inaceitáveis de rutura financeira e isolamento externo, mas não são suficiente para ultrapassar a crise».

O ex-Presidente da República - que se apresentou adoentado - afirmou que «as clivagens que opõem os "países credores" aos "países devedores", a Europa do Norte à Europa do Sul ou os protestantes puritanos as católicos despesistas estão a desfazer o tecido europeu e a pôr em perigo a continuidade da integração europeia».

«Os termos em que, por vezes, são tratados os pequenos países europeus que recorreram á assistência financeira externa são intoleráveis e põem em causa o princípio da igualdade dos estados da União Europeia», considerou.

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Sempre com a crise como pano de fundo das suas reflexões, Jorge Sampaio defendeu, também que o papel regulador do Estado, neste «momento crítico» para Portugal, é «mais crucial do que nunca».

Após defender «uma outra visão, humanista e geradora de futuro para todos», salientou que «há futuro para além dom deprimente presente, há mais vida para além da crise».

Sampaio declarou-se ainda «impressionado com a dignidade, a elevação e a moderação dos portugueses perante a dureza da crise e os sacrifícios pesados que lhes estão a impor».

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